Sexta-feira. A Holanda festeja uma efeméride de guerra. Ceramplein entardece na presença de uma banda de metais e de um coro. Cantam os mortos e os vivos de há sessenta anos. Eu ouço a musica triste do exterior e ouço jazz no interior da casa. E ouço jazz do exterior e ouço musica triste no interior.
Estou cansado, verdadeiramente cansado neste final de semana. Acabo de chegar a casa depois de caçar um passaporte perdido que foi achado na esquadra da policia e que está nos achados e perdidos à minha espera segunda feira. Nos achados e perdidos... Estarei nos achados ou nos perdidos.
A banda toca o hino lá fora. O jazz toca cá dentro: metais caoticamente ritmados acompanhados de um orgão de fundo. O orgão transplantado para o fundo. Dois minutos de silêncio lá fora. O orgão toca cá dentro. O hino toca lá fora transplantado para dentro... Gostava de dois minutos de silêncio, cá dentro.
De repente todo o mundo me parece distante. Ceramplein parece marte. Os marcianos vestindo fardas e carregando estranhos instrumentos que fazem ruido. Será assim que chamam os outros marcianos? O momento parece grave. Eu assisto, no entanto, sem gravidade, flutuando entre as batidas do jazz. Celembram os marcianos de outro tempo. De repente a minha terra está muito distante. Já não vejo nem a mancha azul no espaço. Será que se perdeu? Ou estará nos achados e perdidos de alguma esquadra marciana?
Respiro fundo e vou fazer o jantar...
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