Monday, May 14, 2007

Indiana Canhoto - Parte I

A minha ausência deste blog deve-se a uns dias infernais de trabalho e stress que tenho tido. Aliás, estes últimos dias aqui em Amesterdão têm adquirido uma vertigem com uma série de acontecimentos surreais e irónicos que eu estou quase a dar o tilt. Não sei qual é a causa ou qual é o efeito: se sou que que estou a dar o tilt e então meto-me em situações maradas ou se é ao contrário. Em todo o caso, o sistema já está em feedback positivo, por isso se há alguma coisa certa, é que isto vai piorar.

Na verdade isto está um filme. A custa disso eu talvez venha a escrever um livro, esperando contudo quebrar a velha tradição do filme ser pior que o livro porque posso não ficar rico com o livro mas rio-me à minha própria custa neste filme de 24h por dia. E como em Portugal ninguém quase lê, nunca ficaria rico, até porque as leituras em PT quase que se esgotam com a Bola e o profundissimo Paulo Coelho...

Neste momento escrevo este blog com as mãos cheias de calos. É verdade e apesar de ser um operário mental (sim porque me considero um apenas o correspondente a um mineiro do século 19), hoje tenho as mãos feitas num oito. Eu próprio não estou a acreditar e estou com dificuldade em ordenar os acontecimentos.

De facto, não chegou ter perdido o passaporte - que depois encontrei, após um tipo Balada de Hill Street - como sábado, enquanto verificava cuidadosamente os documentos necessários para o visto, vejo que perdi também as fotos. Fico doido. Se há coisa que me deixa doido é não encontrar alguma coisas....

Claro que revirei a casa. Praguejei! Jurei que nunca mais deixava as coisas fora de sítio! Perguntei a Deus porque é que a minha cabeça me prega partidas! Que a vida me está a deixar um lélé desmemoriado.... etc.... Alías, exactamente igual à última vez que perdi qq coisa, que tinha sido na semana passada. Burro velho não aprende linguas e eu estou cada vez mais burro!

Fiquei doido mas depois de uma ataque de fúria, acalmei e decidi fazer as pazes com a vida. "Calma Luis calma! Qual é o problema? Segunda feira tiras outras fotos e está tudo bem...."

Segunda é hoje! Tinha imensas coisas para fazer e as fotos funcionavam como pedra no sapato. Mas tinha um abstract urgente para entregar por isso comecei a escrever, e por volta do meio dia decidi ir às fotos aqui na Javastraat, cinco minutos da pé! Chego lá: fechado!!! Raios me fodam! Azar do caraças! Se calhar foi almoçar! Venho para casa a pragejar mas tento manter a calma, embora um pensamento recorrente assolava os meus pobre neurónios de burro velho: Nunca nada fica pronto à primeira! Fds!!!!

Bem, volto para casa, volto ao trabalho mantendo o pensamento obsessivo pelas fotos, reviro a casa mais duas vezes e nada!!! Ai!!! Mas "Calma Luis! Os tipos das fotos foram só almoçar: passas lá às 16h que estão lá de certeza". Fui lá outra vez por volta das quatro. Estava fechado. Ai fiquei livido! Que caraças!!!

Volto a casa ainda a pragejar mais. Vou ao sitio web do consulado Americano e vejo outras casas aqui em Amesterdão que tiram as fotos com as dimensões que eles querem. "Olha porreiro! Há outra aqui perto. Posso tentar ir lá mais logo, só tenho que acabar mais este pedaço do abstract". Encho-me de café para dar o golpe final no abstract e escrevo-o e re-escrevo-o numa hora. Envio-o aos co-autores.

Porreiro: são 17h32 aquilo fechas à seis. Vou mas é por-me lá rapidinho pq não há tempo a perder. Pego nas chaves, saio de casa de gás e quando vou fechar a porta olha para as chaves e... são as chaves do insitituto. As minhas chaves tinham ficado dentro!!!!

"Calma Luis. Fecha os olhos e volta a abrir que as chaves aparecem! Tu não estás a ficar chéché e a perder tudo! Não... respirar fundo!"

Lá respirei fundo e fechei e abri os olhos.... Várias vezes mas as chaves que tinha na mão... eram mesmo as do instituto.

Pensamentos estupidos: será que o vizinho tem alguma chave??? Como um dos quartos é partilhado com o apartamento de cima... Vou lá em cima!

Ele atende-me com a prole e diz-me que o melhor é chamar a policia... Eu já estava a ver o filme. O mesmo policia nazi que me olhou de lado quando lhe disse na esquadra que perdi o passaporte agora a vir aqui arrombar a porta do "mediterrânico irresponsável"... Perguntei-lhe se o zelador poderia ter a chave.... E ele: "Não o melhor é mesmo chamar a policia, eles fazem isso muito bem" Eu pensei: tu deves ter querido ser rambo quando eras miudo não é oh maior....

Agradeço e venho para a rua! Talvez o vizinho de baixo me ajude e eu entre pelo quintal e depois trepo à minha varanda e tento entrar por umas das portas....

(à suivre....)

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