(continuação da crónica anterior!)
Estava na rua! As chaves dentro de casa. O vizinho de cima deveria estar a imaginar como ele próprio arrombaria a minha porta usando o pé de cabra que tão fielmente guarda já para estas ocasiões. Eu pensava apenas no Horóscopo JN deste fim-de-semana:
Peixes: Fique na cama... E sobretudo, evite todas as regiões a Norte de Paris!!
Os gajos tinha mesmo razão: e então o detalhe geográfico é refinadamente cruel. A norte de Paris!!? PQOP! Parece que tinha sido feito para mim!!? Mas a Maya conhece-me de algum lado????
Bem: por cima nunca entraria na minha casa, por isso toquei no vinzinho de baixo. esse nunca o vi: e não estava! Toco no vizinho da direita: nada! Toco no vizinho da esquerda.... Nada. Mas de repente ouço uma voz feminina! Era uma Mohamed que veio à porta. Eu explico-lhe a situação, com uma ar um pouco desesperado certamente, ela rodeada da filharada, mohameds peqeninos por todos os lados, e depois só me responde:
"Sorry! My husband is not at home!"
E eu só pensava: o minha: sou o teu vizinho!! Mas realmente ela se calhar se me deixasse entrar apanhava uma tareia do marido e era insultada por todos os vizinhos mohameds.
Mas uma coisa que eu tenho aprendido aqui em vária situações de desespero é que a segunda insistência é normalmente mais eficaz. Nunca se deve desistir à primeira e o segundo pedido é decisivo. E então digo, fazendo um ar ainda mais desesperado:
"Desculpe mas é que eu preciso mesmo de entrar em casa e não tenho outra alternativa. Preciso de ir ao seu quintal e subir à minha varanda.
Aí, ela acede:
"Então espere que eu vou chamar a minha cunhada! Dê-me 10 minutos".
Volto para o passeio... Vageuio um pouco! Penso "A Norte de Paris?? PQOP!" Penso na vida... penso mais no tempo que estou a perder! Penso que isto começou tudo com perder fotografias! Penso que sou um gajo neurótico! Penso que tenho de parar de pensar!!!
Entretanto, a Mohamed chama-me. Mas chama-me do género: "Anda! Entra depressa e à sucapa!" Foi isso que eu percebi pela expressão dela. Queria dizer que se o marido entrava, teriamos um atentado sobre mim! O que caraças!! Era o que me faltava!
Entro rapidamente, tentando não olhar para nenhum lado de forma a diminuir a invasção de privalidade. Chego ao quintal. Uma barreira separa o quintal dela do quintal debaixo da minha casa. Ainda por cima não é uma muro: é uma especia de parede de arame sustentada por estacas onde entretanto cresceram arbustos. Como é que eu passo para o outro lado???
Lá tentei entrar por um buraquinho! Mas não dava! Meto uma perna para o outro lado, fico com uma perna em cada lado, os miudos riem-se, a cunhada na andar de cima ri-se. E eu, para não fazer figura ainda mais de palhaço: rio-me tb! É uma risota. Mas como é que eu vou passar para o outro lado?
Tento mais um pouco, afasto uma estaca, afasto um arame, meto a cabeça, penso "Ainda vou ficar aqui todo entascado e vai chegar o marido dela para me partir a cabeça e eu aqui enfiado tipo espantalho!!"
Bem, como que por magia, consegui entrar no buraco da vedação e passei para o outro lado. A minha varanda afinal é alta como o caraças!!! Como é que eu subo até lá cima! Ainda por cima estou sem ginástica nenhuma! Eu sabia que devia ter ido para a tropa.... Mas nunca a norte de Paris!!
Os miudos riam-se com tudo isto! E os vizinhos também... É bom ser mais visto que a telenovela das 6h! PQP!!
(to be continued)
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2 comments:
descobri o blog este fim-de-semana. só parei agora com o último texto.
obrigada pela partilha.
por favor continua
Eu até te imagino a pensar: " esta não é uma das minhas e vou ser apanhado pelo marido dela...!"
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