9 de Junho de 1832.
Um barco suspenso ao largo da praia do Mindelo. José Silva, também conhecido entre os restantos mercenários como "O Canhoto", encerra na mão a sua cruz de prata, que aperta com força. A única testemunha simultânea dos campos de trigo da infância e dos campos de batalha de hoje. Com a outra mão, segura a espingarda que faz sombra curta nas tábuas velhas do chão, apontando o destino mais que certo. Uma gota de suor verte lentamente da mão, escorrendo pelo fio da cruz. O sol reflecte na gota.
O tempo escasseia.
A respiração rasga os pulmões.
Ao longe, a voz forte do lider atravessa a brisa...
"Soldados!
Aquelas praias são as do malfadado Portugal: ali, vossos pais, mães, filhos, esposas, parentes e amigos suspiram pela vossa vinda, e confiam nos vossos sentimentos, valor e generosidade.
Vós vindes trazer a paz a uma nação inteira, e a guerra somente a um governo hipócrita, despótico e usurpador.
A empresa é toda de glória; a causa justa e nobre; a vitória certa..."
"A causa é justa..." pensou o Canhoto "... fossem as causas justas a nossa salvação, e estariamos já todos a arder no inferno... "
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