Estou em Amesterdão há quase duas semanas e aos poucos vou-me sentindo mais integrado nesta cidade.
Na verdade, é fácil viver em Amesterdão. Tudo parece ser bastante perto de tudo. As distâncias são curtas e em 15 a 30 minutos de bicicleta. Eu moro numa pracinha chamada Ceramplein muito engraçada, na parte oeste da cidade a cerca de 15 minutos do centro. A zona chama-se Bairro Indiano e é essencialmente habitado por emigrantes vindos da índia, paquistão, turquia e por outro género de desterrados como estudantes de doutoramento. Do Google Maps tirei este mapa que mostra exactamente a zona onde moro. Em cinco minutos de bicla chego ao Oosterpark e dai apanhi um dos aneis que circundam Amestedão (Mauritskade) e consigo colocar-me em qualquer ponto. Até ao centro sigo pela Weersperstraat, ou pedalo nas margens do Amstel até chegar à Casa da Música cá do sítio que é em Waterlooplein. E são 15 minutinhos... Basicamente, já domino o sítio e já não me perco! Aliás estou tão integrado que já me pedem informações.
Noutro estava com o Jarmo numa das zonas mais giras de Amesterdão (o bairro Jordaan, que fica no centro mas já mais para noroeste) e estava lá 3 cromos lisboetas que andavam meios perdidos. Eu, como qualquer Amesterdanense estava a tirar o cadeado da minha bicla e ia ouvindo a conversa dissimuladamente, como se fosse um mafioso convicto, habituado a controlar. E ouvi: "Ô pa!" (que é "Oh pá!" mas com dicção de Lx) "Estamos perdidos..." dizia um". E o outro: "Mas ô maior! Era por aqui!" "Voces san todos os uns atados: parecem do Porto!" disse um, que me pareceu ser o lider do rebanho. Mas eu eu aí registei a observação! Calado, mas a registar!...
O líder do rebanho, como qualquer bom lider latino, decidiu insultar mais os amigos e depois tomou o assunto em mãos "Da ca o mepa que eu veu ali perguntar, pa!" (Tradução Lisbones-Português: "Dá cá o mapa, que eu vou ali perguntas, pá!"). E o gajo dirige-se a mim, com um sorriso típico do tuga envergonhado que acha que se se rir muito as pessoas o vão ajudar! Eu é que me estava a rir para dentro... He he he...
E depois com aquela pronuncia de tuga "Escuse mi. Ken uie plise telmi uere uui ar nau in disse map?" (Tradução lisbonense a tentar falar inglês - Inglês): "Excuse me. Can you please tell me where we are now in this map?"). E eu respondi: "Oh maior: tu é português, não és?" E ele fez um sorriso meio alividado, como que a pensar "Eh pa! está aqui um tuga que me vai ajudar!"... As outros dois elementos de rebanho aproximaram-se, sorridentes, como se tivessem vislumbrado pasto novo...
Falamos um bocado. "Nós somos de Lisboa, estás cá a morar?" "Viemos de férias 3 dias...", "Ia meu.... etc etc.. e o camano". E já estavamos em amena cavaqueira com o Jarmo à espera. Mas lá peguei no meu mapa, que era bem mais detalhado que o deles (alfaces tó-tós) e expliquei-lhes a onde estavamos "Iá e o camano..." e apontei-lhes no mapa deles: "E agora, estão a ver aquela ponte... não é na primeira, não é na segunda, passam a terceira e depois viram na quarta à esquerda.... Estão a ver?" "Ia meu!"... "OK! Então boa sorte e chau...", "Chau pá!". E lá foram...
Obviamente, não podia deixar de dar uma maozinha: não era na quarta ponte era na primeira e eles devem ter ido parar a um bairro turco qualquer de onde para sairem devem ter tido de vender o relógio a um Mohammed que ainda lhe deve ter ficado com as camisolinhas de marca.... Agora que vivo no bairro Indidano gosto de dar uma maozinha aos meus vizinhos turcos... He he!
POOOOOOOOOOOOOOOOOOOORTOOO
Efectivamente, sem moralizar! :)
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2 comments:
HaHa Boa canhoto, e um concelho a todos os turistas que julgam que nunca ninguém percebe o que eles estão a dizer :). e já agora falo por experiência própria percorrer a ruas de Amesterdão é mais fácil que encontrar um estação de correios em Itália :)
Um Abraço
Miguel
Posso dizer que me levaste às lágrimas com aquela descrição do rebanho alfacinha!!
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