Os dias passar a correr na cidade que nunca dorme. Começo amanhã a minha sexta semana de trabalho e aos poucos começo a ter algum controlo sobre a minha rotina diária, com cada vez menos coisas para tratar e cada vez mais tempo para mim.
Continuo com a impressão que NY é um bicho que se alimenta dos sonhos da milhões de pessoas. É um ser que se alimenta e cresce dos sonhos, sustentando sonhos actuais e plantando as sementes dos sonhos ainda não sonhados.
Lentamente, consigo levantar a cabeça acima da floresta de gente com quem me cruzo, e olhos por entre os ponteiros do relógio que corre cada vez mais ritmado. Entre eles começo a ter tempo para pensar no meu próprio alimento. Noto em mim uma alteração no padrão diário, como se a procura desse alimento fosse feita com um espirito mais consumidor. Consumo mais aqui. Consumo tudo. Tal como uma célula consome mais energia para realizar os seus processo metabólicos, num organismo em que existe. Liberto mais calor...
Consumo mais música. Compro mais música. Consumo mais imagens. Compro revistas. livros de arquitectura. Alimento-me com os sonhos que NY me injecta para eu gerar os sonhos de ela se alimenta. Compro roupa de marca, agasalhos selectos para um calor escaldante, e para o qual contribuo com a minha infima parcela.
Comprei um livro de poesia. Alimento-me talvez com mais sabor, e refreio a produção de nutrientes para a maçã. Tinha 22 anos, o jovem Leonard Cohen quando escreveu "Let us compare Mythologies".
Não sei quem vai vencer, se eu se NY. Mas agora não estou indefeso e preparo o assalto a ilha infernal com barcos de combate.
IÇAR AS VELAS COMANDANTE COHEN.
É que primeiro tomamos Manhattan, depois tomaremos Berlim!!
The Warrior Boats
The warrior boats from Portugal
Strain at piers with ribs exposed
And seagull generations fall
Through the wood anatomy
But in the town, the town
Their passion unimpaired
The beautiful dead crewman
Go climbing in the lanes
Boasting poems and bitten coins
Handsome bastards
What do they care
If the Empire has withered
To half a peninsula
If the Queen has a King's Adviser
For her last and seventh lover
Their maps have not changed
Thighs still are white and warm
New boundaries have not altered
The marvellous landscape of bosoms
Nor a Congress relegated the red mouth
To a foreign district
Then let the ships desintegrate
At the edge of the land
The gulls will find another place to die
Let the home ports put on mourning
And little clerks
Complete the necessary papers
But you swagger on, my enemy sailors
Go climbing in the lanes
Boasting your poems and bitten coins
Go knocking on all the windows of the town
At one place you will find my love
Asleep and waiting
And I cannot know how long
She has dreamed of all of you
Oh remove my coat gently
From her shoulders.
Leonard Cohen (1956)
Sunday, July 8, 2007
Saturday, June 16, 2007
Money for Nothing...
As mudanças realizaram-se rapidamente e foi bastante divertido. Mas de facto, esta minha vidinha de Phd student, não me está a fazer bem ao físico e não tenho forcinha nenhuma nos braços. Facto que aqui em NY é de destacar porque o pessoal é todo quitado, é culturistas em todo o lado! Grande parte deles são é gays e é sempre giro ver um gajo enorme com t-shirt cor-de-rosa, com biceps da largura das minha pernas, a passear um cãozinho micróbio chamado Sissi...
O processo de mudança era simples. Eu tinha a minha mala, e o Francisco e a Cris tinham... 15 caixas, malas e sacos. Eu e o Francisco fomos carregando as malas entre a Bleeker e o inicio da Quinta Avenida, para a nova maison. A nova casa era mesmo no inicio da 5th, logo à saida da Washinston Square por isso era perto e a unica coisa que era necessário fazer era atravessar o Washington Park. Fomos fazendo a coisa em várias viagens, cada uma delas com algumas paragens pelo caminho para recuperar forças.
O Washington Park é um dos pontos mais engraçados de NY porque grande parte dos edificios da NYU ficam nas redondezas e é por isso intensamente frequentada por estudantes. É uma praça larga com um arco enorme construido em honra de George Washington e onde se encontra inscrita a frase:
"LET US RAISE A STANDARD TO WHICH THE WISE AND THE HONEST CAN REPAIR THE EVENT IS IN THE HANDS OF GOD?"
Bonito e inspirador!
A praça é o ponto de encontro de muitas tribos locais que emprestam um colorido adicional aos jardins que seria de outra forma sobrios, fazendo-me lembrar um pouco a Praça de S. Lazaro no Porto, embora sem as casas de meninas nas imediações. É frequente encontrar grupos de jazz a improvisar no meio da praça, atraindo pouco mais que os olhares de alguns turistas, porque para os locals jazz na rua é normal e toda a gente é uma estrela. Mas há também ilusionistas, vocalistas, homens estátuas, homens a fazer de robots com ferrugem e tudo, muita coisa.... E esquilos! Muitos esquilos a saltitar de um lado para outro!
Na semana passada a praça foi palco de um encontro de Hare Krishnas, daqueles tipos todos coloridos e carequinhas. Realmente foi um momento muito giro, com gente de todas as raças a partilhar um ideal de vida e a trocar experiências, e talvez receitinhas de pratos vegan. Juntou-se tanto poder espiritual naquela praça que teve de se fechar o espaço aereo sobre NY porque a qualquer momento o céu poderia ficar cheio de gajos a levitar!! Isto na América é assim e mais vale jogar pelo seguro!
Poder de levitação era coisa que nos teria ajudado a fazer as mudanças. Depois de duas ou três viagens com os sacos e malas eu estava todo roto, e o Francisco apesar de não admitir, também! Cada viagem era uma tortura com várias paragens, eu para descansar os meus bracinhos e o Francisco para fumar um cigarro. Entretanto, numa destas viagens um tipo musculado de passagem piscou-me o olho...!?!
Gostas de magrinhos oh menaço?? Vai lá dar banho ao cão!... VTF!
Francisco, este parque é muito estanho... Bora lá:
We gotta install microwave ovens
Custom kitchen deliveries
We gotta move these refrigerators
We gotta move these colour tvs
See the little faggot with the earring and the makeup
Yeah buddy thats his own hair
That little faggot got his own jet airplane
That little faggot hes a millionaire
....
O processo de mudança era simples. Eu tinha a minha mala, e o Francisco e a Cris tinham... 15 caixas, malas e sacos. Eu e o Francisco fomos carregando as malas entre a Bleeker e o inicio da Quinta Avenida, para a nova maison. A nova casa era mesmo no inicio da 5th, logo à saida da Washinston Square por isso era perto e a unica coisa que era necessário fazer era atravessar o Washington Park. Fomos fazendo a coisa em várias viagens, cada uma delas com algumas paragens pelo caminho para recuperar forças.
O Washington Park é um dos pontos mais engraçados de NY porque grande parte dos edificios da NYU ficam nas redondezas e é por isso intensamente frequentada por estudantes. É uma praça larga com um arco enorme construido em honra de George Washington e onde se encontra inscrita a frase:
"LET US RAISE A STANDARD TO WHICH THE WISE AND THE HONEST CAN REPAIR THE EVENT IS IN THE HANDS OF GOD?"
Bonito e inspirador!
A praça é o ponto de encontro de muitas tribos locais que emprestam um colorido adicional aos jardins que seria de outra forma sobrios, fazendo-me lembrar um pouco a Praça de S. Lazaro no Porto, embora sem as casas de meninas nas imediações. É frequente encontrar grupos de jazz a improvisar no meio da praça, atraindo pouco mais que os olhares de alguns turistas, porque para os locals jazz na rua é normal e toda a gente é uma estrela. Mas há também ilusionistas, vocalistas, homens estátuas, homens a fazer de robots com ferrugem e tudo, muita coisa.... E esquilos! Muitos esquilos a saltitar de um lado para outro!
Na semana passada a praça foi palco de um encontro de Hare Krishnas, daqueles tipos todos coloridos e carequinhas. Realmente foi um momento muito giro, com gente de todas as raças a partilhar um ideal de vida e a trocar experiências, e talvez receitinhas de pratos vegan. Juntou-se tanto poder espiritual naquela praça que teve de se fechar o espaço aereo sobre NY porque a qualquer momento o céu poderia ficar cheio de gajos a levitar!! Isto na América é assim e mais vale jogar pelo seguro!
Poder de levitação era coisa que nos teria ajudado a fazer as mudanças. Depois de duas ou três viagens com os sacos e malas eu estava todo roto, e o Francisco apesar de não admitir, também! Cada viagem era uma tortura com várias paragens, eu para descansar os meus bracinhos e o Francisco para fumar um cigarro. Entretanto, numa destas viagens um tipo musculado de passagem piscou-me o olho...!?!
Gostas de magrinhos oh menaço?? Vai lá dar banho ao cão!... VTF!
Francisco, este parque é muito estanho... Bora lá:
We gotta install microwave ovens
Custom kitchen deliveries
We gotta move these refrigerators
We gotta move these colour tvs
See the little faggot with the earring and the makeup
Yeah buddy thats his own hair
That little faggot got his own jet airplane
That little faggot hes a millionaire
....
Breakfast in America
A Cris e o Francisco foram os porreiraços e aturaram este vosso fiel pendura durante 10 dias até conseguir o meu FABULOSO studio. Além do mais permitiram-me duas coisas adicionais: (i) morar em duas zonas diferentes de NY logo nos primeiros dias e (ii) fazer algum exercicio, que era necessário depois da minha vida sedentária em Amesterdão (ou "sedimentária" tendo em conta a acumulação pneumática proporcionada pela cerveja barata).
A minha primeira noite em NY foi... curta! Eu estava super excitado com as luzes, apesar do jet-lag de 5h. Seriam umas 2-3 da manhã em PT quando o Francisco me veio buscar à Grand Central. Apanhamos o metro enquanto eu alucinava com a o cenário cinematográfico. O metro cheio, com gente de todas as cores, incrivel! Eu julgava que Amesterdão era uma salgalhada mas, comparado com NY, dá para perceber que há uma maioria de dominante de people loirito. Aqui não consigo ainda fazer a estatistica: há demasiadas cores! A Benneton deve ter aqui a sua sede!
Chegamos à Bleeker Street, e subimos até ao 14 andar de uma complexo residêncial onde a Cris e o Francisco tinham um estúdio espectacular com uma varanda incrivel! Depois de alguns arranjos, lá me instalei no sofá-cama! Segunda relatos efectuados no dia seguinte, consta que adormeci instantaneamente.
Acordei pelas 6 da manhã locais, com a luz, com o barulho, com o calor, e com o jet-lag! A Cris e Francisco, dormem mas grande parte da cidade já bombava. Nova York apresentava-se como um monstro composto por 8 milhões de células que que acordam cedo para iniciar um fluxo metabólico diário!
Vou buscar um copo de sumo e vou à varanda ver o nascer do sol.
Bebo lentamente um golo e saboreio o meu primeiro pequeno almoço na america...
Pouco sustento para quem vai já ajudar numas mudanças. É que este é o último dia de Maio e o último em que a Cris e o Francisco podem ficar neste apartamento: vamo-nos já mudar da Bleeker para... a 5th Avenue! :)
I´m a winner, I´m a sinner
Do you want my autograph
I´m a loser what a joker
I´m playing my jokes upon you
While there´s nothing better to do
...
A minha primeira noite em NY foi... curta! Eu estava super excitado com as luzes, apesar do jet-lag de 5h. Seriam umas 2-3 da manhã em PT quando o Francisco me veio buscar à Grand Central. Apanhamos o metro enquanto eu alucinava com a o cenário cinematográfico. O metro cheio, com gente de todas as cores, incrivel! Eu julgava que Amesterdão era uma salgalhada mas, comparado com NY, dá para perceber que há uma maioria de dominante de people loirito. Aqui não consigo ainda fazer a estatistica: há demasiadas cores! A Benneton deve ter aqui a sua sede!
Chegamos à Bleeker Street, e subimos até ao 14 andar de uma complexo residêncial onde a Cris e o Francisco tinham um estúdio espectacular com uma varanda incrivel! Depois de alguns arranjos, lá me instalei no sofá-cama! Segunda relatos efectuados no dia seguinte, consta que adormeci instantaneamente.
Acordei pelas 6 da manhã locais, com a luz, com o barulho, com o calor, e com o jet-lag! A Cris e Francisco, dormem mas grande parte da cidade já bombava. Nova York apresentava-se como um monstro composto por 8 milhões de células que que acordam cedo para iniciar um fluxo metabólico diário!
Vou buscar um copo de sumo e vou à varanda ver o nascer do sol.
Bebo lentamente um golo e saboreio o meu primeiro pequeno almoço na america...
Pouco sustento para quem vai já ajudar numas mudanças. É que este é o último dia de Maio e o último em que a Cris e o Francisco podem ficar neste apartamento: vamo-nos já mudar da Bleeker para... a 5th Avenue! :)
I´m a winner, I´m a sinner
Do you want my autograph
I´m a loser what a joker
I´m playing my jokes upon you
While there´s nothing better to do
...
Thursday, June 14, 2007
La Femme d'Argent
Demorei cerca de 30 minutos até apanhar o autocarro para a Grand Central Station. O Francisco iria buscar-me ai para me dar guarida na minha primeira noite em NY. A saida do JFK é confusa. A zona de Queens, um dos borroughs de NY situado a este de Manhattan é totalmente diferente da imagem que temos de NY dos filmes, que assenta essencialmente na figura de Manhattan. Queens, pareceu-me ser uma amontado de armazens, e de nós rodoviários, confusos para o meu olhar de recém-chegado. Ouvia música no meu iPod, o cansaço começava a pesar.
Aos poucos, o sol punha-se no horizonte, a oeste, por trás de Manhattan. À distancia que estávamos ainda não se conseguia vislumbrar a Sky-line mas à medida que avançavamos e o ceu se tornava mais vermelho escuro, começava-se aos poucos a sentir a luz que provinha de Manhattan. Depois de percorrermos mais alguns quilómetros, em que já teriamos chegado possivelmente a Brooklyn, a Sky-line definiu-se: a vista é impressionate! Torres enormes a rasgar um ceu vermelho de pôr-de-sol. Luzes brancas, luzes vermelhas, luzes azuis, luzes verdes.... Parece que aterrei noutro planeta. Fico longos minutos a apreciar, tal como muitos outros turistas, de boca aberta de espanto! Para o motorista, esta imagem deve ser igual às que tem visto nos últimos 5 anos em que conduz o autocarro mas para quase todos os seus passageiros, a imagem é inacreditável.
Pouco depois entramos no tunel que nos leva a Manhattan. Não sei bem onde estava, mas de repente entra-se na ilha, e entra-se num filme. As ruas, os passeios, as portas de entrada tal como nos filmes. Proporcionam uma estranha sensação de familariadade, um leve sentimento de deja vu, alimentado por décadas de filmes americanos. Tal como nos filmes... agora do outro lado do ecrã.
À minha direita (ou teria sido à esquerda) aparece entre o espaço de dois quarteirões e ao fundo de uma avenida, a figura esguia e hipnótica do Chrysler Building! Que figura incrível com o seu topo metálico, art-deco. O meu iPod ajoelha-se em respeito e oferece-me La Femme d'Argent dos Air. Por dois ou três segundos faço parte de um filme de ficção científico que se desenrola em 2046!.....
O autocarro para: "Grand Central!!" diz o motorista. Alguns passageiros saiem... Vou buscar a minha pesada mala. Pouso-a na esquina e sento-me à espera do Francisco. Ao meu lado a Grand Central Station e o edificio da Metlife! "Fds! Estou na América...."
Aos poucos, o sol punha-se no horizonte, a oeste, por trás de Manhattan. À distancia que estávamos ainda não se conseguia vislumbrar a Sky-line mas à medida que avançavamos e o ceu se tornava mais vermelho escuro, começava-se aos poucos a sentir a luz que provinha de Manhattan. Depois de percorrermos mais alguns quilómetros, em que já teriamos chegado possivelmente a Brooklyn, a Sky-line definiu-se: a vista é impressionate! Torres enormes a rasgar um ceu vermelho de pôr-de-sol. Luzes brancas, luzes vermelhas, luzes azuis, luzes verdes.... Parece que aterrei noutro planeta. Fico longos minutos a apreciar, tal como muitos outros turistas, de boca aberta de espanto! Para o motorista, esta imagem deve ser igual às que tem visto nos últimos 5 anos em que conduz o autocarro mas para quase todos os seus passageiros, a imagem é inacreditável.
Pouco depois entramos no tunel que nos leva a Manhattan. Não sei bem onde estava, mas de repente entra-se na ilha, e entra-se num filme. As ruas, os passeios, as portas de entrada tal como nos filmes. Proporcionam uma estranha sensação de familariadade, um leve sentimento de deja vu, alimentado por décadas de filmes americanos. Tal como nos filmes... agora do outro lado do ecrã.
À minha direita (ou teria sido à esquerda) aparece entre o espaço de dois quarteirões e ao fundo de uma avenida, a figura esguia e hipnótica do Chrysler Building! Que figura incrível com o seu topo metálico, art-deco. O meu iPod ajoelha-se em respeito e oferece-me La Femme d'Argent dos Air. Por dois ou três segundos faço parte de um filme de ficção científico que se desenrola em 2046!.....
O autocarro para: "Grand Central!!" diz o motorista. Alguns passageiros saiem... Vou buscar a minha pesada mala. Pouso-a na esquina e sento-me à espera do Francisco. Ao meu lado a Grand Central Station e o edificio da Metlife! "Fds! Estou na América...."
Tobias, Malaquias e o JFK
Não deixa de ser engraçado ter saido de Amesterdão para ir aterrar em Nova York, território inicialmente colonizado pelos Holandeses em 1625 onde estabeleceram um entreposto e que baptizaram de Nova Amsterdão. Deixei a capital holandesa a correr depois de quase 4 meses de trabalho e de umas últimas 3 semanas de grande stress. Aterro em NY sem perceber muito bem como, ainda meio confuso de tudo o que se passou neste último ano. Fez ontem duas semanas que cá estou e só agora parece que estou realmente a sentir o chão. Como uma nova página num livro, em que se ensaia várias vezes antes de lavrar a primeira palavra...
A viagem desdo o meu Porto foi longa: as cinco horas de diferença horária faziam com que o dia parece longuissimo, com o sol a fugir mais lentamente que o costume. O tarde arrastou-se com uma luz amarela a preencher o avião durante várias horas. Na minha fila de três ia apenas mais um tipo que vinha a ler umas coisas em hebraico. O tipo era mesmo estranho, não por vir a ler as coisas num alfabeto indecifrável mas porque não comia nada do que lhe traziam e ainda por cima quando tirou os sapatos para ficar mais confortável, quase que fez perder a vontade de comer qq coisa que me trouxessem.
Confesso que vinha um pouco assutado com todo o securitarismo que envolve uma vinda aos States. Não sabia se me faltava alguma coisa ou se me iam levantar problemas à chegada. Obter o visto J1 foi um filme com direito a cenas em esquadras, pelo que já estava à espera de tudo. Ou de quase tudo porque a meio da viagem as hospedeiras da Lufthansa distribuiram por todos os passageiros os famosos papelinhos da emigração: os verdes para quem ia de férias, os brancos para quem tinha visto (ou se não era assim era parecido). A mim calhou-me o branco...
Começo a ler, tudo me parece normal... Perguntas do tipo: "Já alguma vez praticou actos de terrorismo?", "Já manipulou explosivos ou armas quimicas ou biológicas?" e coisas do género. Mas houve uma pergunta que me tramou: "Traz consigo produtos alimentares?"... Oh que caraças! E não é que trago... Mas eram apenas dois pacotes de Linguas de Gato, (um pacote tinha o Tobias e outro o Malaquias para quem é fã das Linguas de Gato). Eu sempre que vou para fora gosto de levar alguma coisa portuguesa, muito portuguesa para funcionar como mais uma espécie de cordão umbilicar. Eu sei que é uma mariquice e que sentimentalismos não alimentam a alma, mas pelo menos as Linguas de Gato alimentam o corpo!
Mas e agora? Se digo que sim trago produtos alimentares vou ficar retido à entrada e vou ter de responder a perguntas dos M.I.B. Se digo que não, isto é se mentir, vou ser apanhado, vão-me pedir para abir a mala e vou ser deportado por causa do duo Tobias & Malaquias. O que fazer??? Depois de muito ponderar achei que a verdade é sempre a melhor política (como diria o MacGyver, mas não o Chico Naifas) e decidi por a cruzinha no "Sim: Eu trago produtos alimentares! Por favor PRENDAM-ME!!"
O avião aterrou no JFK por volta das 17h30 locais. Só à saida, a caminho da fila para as "inspecções" é que me apercebi que o avião vinha carregado da pessoas vindas do leste. Aliás, já pude verificar que há imensos cidadãos de leste aqui em NY e só à minha volta no Google há pelo menos 4 russos e 1 sérvio (que por acaso é um curtidola). Tentei chegar rapidamente à fila da emigração. Percebe-se em certas secções do caminho que o tempo deve estar muito quente lá fora, no exterior do JFK.
Havia dois pontos sucessivos de controlo. O primeiro para verificar se se tinha autorização de residência, e o segundo, já depois de recuperar a bagagem para verificar o que trazemos. Depois de 20 minutos à espera, passo o primeiro posto de controlo, sem problema porque tinha o visto em condições. Depois recupero a bagagem e dirijo-me para o segundo. Aqui é que tudo se decidia! Entrego o papel a um polícia na casa dos 30, um jovem tal como eu! :)
Ele olha para mim e pergunta: "Então que é que trazes?", e eu um bocado a medo respondo "Dois pack of cookies?"... E ele olha para mim, sorri e diz "Get out of here!..."
E eu assim fiz....! Um pouco envergonhado pelo ridiculo, mas com a consciência tranquila de ter dito a verdade na terra da liberdade!
À porta do JFK está um calor intenso! Procuro um autocarro para o centro onde o Francisco se encontrará comigo...! Esta noite fico na casa da Crsitina e do Francisco, na Bleeker Street!
A viagem desdo o meu Porto foi longa: as cinco horas de diferença horária faziam com que o dia parece longuissimo, com o sol a fugir mais lentamente que o costume. O tarde arrastou-se com uma luz amarela a preencher o avião durante várias horas. Na minha fila de três ia apenas mais um tipo que vinha a ler umas coisas em hebraico. O tipo era mesmo estranho, não por vir a ler as coisas num alfabeto indecifrável mas porque não comia nada do que lhe traziam e ainda por cima quando tirou os sapatos para ficar mais confortável, quase que fez perder a vontade de comer qq coisa que me trouxessem.
Confesso que vinha um pouco assutado com todo o securitarismo que envolve uma vinda aos States. Não sabia se me faltava alguma coisa ou se me iam levantar problemas à chegada. Obter o visto J1 foi um filme com direito a cenas em esquadras, pelo que já estava à espera de tudo. Ou de quase tudo porque a meio da viagem as hospedeiras da Lufthansa distribuiram por todos os passageiros os famosos papelinhos da emigração: os verdes para quem ia de férias, os brancos para quem tinha visto (ou se não era assim era parecido). A mim calhou-me o branco...
Começo a ler, tudo me parece normal... Perguntas do tipo: "Já alguma vez praticou actos de terrorismo?", "Já manipulou explosivos ou armas quimicas ou biológicas?" e coisas do género. Mas houve uma pergunta que me tramou: "Traz consigo produtos alimentares?"... Oh que caraças! E não é que trago... Mas eram apenas dois pacotes de Linguas de Gato, (um pacote tinha o Tobias e outro o Malaquias para quem é fã das Linguas de Gato). Eu sempre que vou para fora gosto de levar alguma coisa portuguesa, muito portuguesa para funcionar como mais uma espécie de cordão umbilicar. Eu sei que é uma mariquice e que sentimentalismos não alimentam a alma, mas pelo menos as Linguas de Gato alimentam o corpo!
Mas e agora? Se digo que sim trago produtos alimentares vou ficar retido à entrada e vou ter de responder a perguntas dos M.I.B. Se digo que não, isto é se mentir, vou ser apanhado, vão-me pedir para abir a mala e vou ser deportado por causa do duo Tobias & Malaquias. O que fazer??? Depois de muito ponderar achei que a verdade é sempre a melhor política (como diria o MacGyver, mas não o Chico Naifas) e decidi por a cruzinha no "Sim: Eu trago produtos alimentares! Por favor PRENDAM-ME!!"
O avião aterrou no JFK por volta das 17h30 locais. Só à saida, a caminho da fila para as "inspecções" é que me apercebi que o avião vinha carregado da pessoas vindas do leste. Aliás, já pude verificar que há imensos cidadãos de leste aqui em NY e só à minha volta no Google há pelo menos 4 russos e 1 sérvio (que por acaso é um curtidola). Tentei chegar rapidamente à fila da emigração. Percebe-se em certas secções do caminho que o tempo deve estar muito quente lá fora, no exterior do JFK.
Havia dois pontos sucessivos de controlo. O primeiro para verificar se se tinha autorização de residência, e o segundo, já depois de recuperar a bagagem para verificar o que trazemos. Depois de 20 minutos à espera, passo o primeiro posto de controlo, sem problema porque tinha o visto em condições. Depois recupero a bagagem e dirijo-me para o segundo. Aqui é que tudo se decidia! Entrego o papel a um polícia na casa dos 30, um jovem tal como eu! :)
Ele olha para mim e pergunta: "Então que é que trazes?", e eu um bocado a medo respondo "Dois pack of cookies?"... E ele olha para mim, sorri e diz "Get out of here!..."
E eu assim fiz....! Um pouco envergonhado pelo ridiculo, mas com a consciência tranquila de ter dito a verdade na terra da liberdade!
À porta do JFK está um calor intenso! Procuro um autocarro para o centro onde o Francisco se encontrará comigo...! Esta noite fico na casa da Crsitina e do Francisco, na Bleeker Street!
Friday, June 1, 2007
Fim da Série I
O Canhoto termina aqui a Série I decorrida nos estúdios de Amsterdão!
Começa agora a série II, dos mesmos produtores do Sexo e a Cidade!
Canhoto em NY
A produção está ainda a tentar arranjar estúdio, mas é tudo muito muito caro. O plano inicial seria usar estudios em Greenwich Village ou no Soho mas a alternativa finaceiramente viável começa a ser o Bronx! Por enquanto filma-se num estudio emprestado!
Não percam os próximos capítulos!!
Yo yo yo!
Começa agora a série II, dos mesmos produtores do Sexo e a Cidade!
Canhoto em NY
A produção está ainda a tentar arranjar estúdio, mas é tudo muito muito caro. O plano inicial seria usar estudios em Greenwich Village ou no Soho mas a alternativa finaceiramente viável começa a ser o Bronx! Por enquanto filma-se num estudio emprestado!
Não percam os próximos capítulos!!
Yo yo yo!
Canhoto transferido para grande clube americano
Não são ainda totalmente conhecidos os detalhes daquele que poderá a transferência mais mediática do ano. Depois de 4 meses no principal club de Amsterdão, onde jogou na posição de ponta-de-lança, Canhoto terá chegado a acordo com um grande clube americano cujo o nome ainda se encontra no segredo dos deuses, seguindo assim as pisadas de David Beckman que deixou o Real para ir jogar em Los Angeles.
A transferência deverá envolver montantes consideráveis mas o agente do Canhoto recusou-se a dar detalhes afirmando apenas que, e passamos a citar, "foi um acordo bom para todas as partes". Recorde-se que o passe de Canhoto pertence em 50% ainda o Porto GC (Porto Geek Club), cujos responsáveis preferirem também não tecer comentários.
A nossa reportagem conseguiu interceptar Canhoto no aeroporto, à saida para Nova York. Canhoto, rodeado de apertada segurança foi, como habitualmente, fugindo ironicamente às questões mas ficam aqui alguns excertos da entrevista possível:
Reportagem - Canhoto, qual a razão da saída do Amsterdão? Foi difícil adaptar-se ao esquema de jogo?
Canhoto - Bem, a equipa sempre me apoiou muito. Tive alguns problemas no início em adaptar-me ao estilo de jogo dos holandeses, que jogam normalmente em futebol directo e ao primeiro toque. Na verdade, não estava habituado a isso, e toda a minha experiência estava relacionada com tácticas mais elaboradas, talvez menos práticas mas seguramente mais espectaculares.
R - Justifica assim o seu reduzido desempenho no club? Na verdade marcou muito poucos golos... Estava irreconhecível!...
C - Eu não diria "poucos golos". Rematei muito e marquei o número de golos possível num campeonato em que as defesas jogam em linha e sobem muito depressa. Fiquei muitas vezes fora de jogo, e isso não ajudou. Mas a verdade é que o objectivo da minha contratação em Amsterdão era dar consistência à equipa e nisso acho que fui bem sucedido. E logicamente, o Mister gostou.
R - Os críticos dizem que sua presença assidua nos campos de treino de outros clubs da cidade terá prejudicado o seu entruzamento com a restante equipa. Como comenta?
C - Bem, os críticos dizem muita coisa. As minhas relações com elementos de outros clubes, como o Club 11 ou o SF Club (Sugar Factory Club) foram apenas de cordialidade e não interferiram com o meu desempenho. O críticos deviam estar mais calados...
R - Mas houve também alguns problemas com o controlo anti-doping que se diz estarem relacionados. Especialmente no jogos realizados no Vondel Park.
C - Como disse, os críticos dizem muita coisa. Não comento!
R - E quanto a esta transferência. Como surgiu a oportunidade? Apenas por seis meses?
C - Foi tudo muito simples. Houve alguns contactos iniciais, mesmo antes de jogar em Amsterdão e depois as coisas correram muito depressa. Na verdade poderia ter acontecido antes, mas eu e o meu agente decidimos esperar pelo final desta temporada e só agora fazer a transferência. Decidimos fazer as coisas com tranquilidade, muita tranquilidade. Começamos com seis meses e logo se vê....
R - Diz-se que esta foi uma transferência milionária?*
C - Logicamente que uma transferência destas envolve sempre alguns valores mas nada como dizem as revistas. Foi um acordo bom para ambas as partes.
R - E agora já está tudo tratado?
C - Bem está quase tudo. Faltam alguns detalhes mas que iremos tratar com tranquilidade.
R - Mas então? O que falta Canhoto??
C - Falta cumprir-se Portugal!
A transferência deverá envolver montantes consideráveis mas o agente do Canhoto recusou-se a dar detalhes afirmando apenas que, e passamos a citar, "foi um acordo bom para todas as partes". Recorde-se que o passe de Canhoto pertence em 50% ainda o Porto GC (Porto Geek Club), cujos responsáveis preferirem também não tecer comentários.
A nossa reportagem conseguiu interceptar Canhoto no aeroporto, à saida para Nova York. Canhoto, rodeado de apertada segurança foi, como habitualmente, fugindo ironicamente às questões mas ficam aqui alguns excertos da entrevista possível:
Reportagem - Canhoto, qual a razão da saída do Amsterdão? Foi difícil adaptar-se ao esquema de jogo?
Canhoto - Bem, a equipa sempre me apoiou muito. Tive alguns problemas no início em adaptar-me ao estilo de jogo dos holandeses, que jogam normalmente em futebol directo e ao primeiro toque. Na verdade, não estava habituado a isso, e toda a minha experiência estava relacionada com tácticas mais elaboradas, talvez menos práticas mas seguramente mais espectaculares.
R - Justifica assim o seu reduzido desempenho no club? Na verdade marcou muito poucos golos... Estava irreconhecível!...
C - Eu não diria "poucos golos". Rematei muito e marquei o número de golos possível num campeonato em que as defesas jogam em linha e sobem muito depressa. Fiquei muitas vezes fora de jogo, e isso não ajudou. Mas a verdade é que o objectivo da minha contratação em Amsterdão era dar consistência à equipa e nisso acho que fui bem sucedido. E logicamente, o Mister gostou.
R - Os críticos dizem que sua presença assidua nos campos de treino de outros clubs da cidade terá prejudicado o seu entruzamento com a restante equipa. Como comenta?
C - Bem, os críticos dizem muita coisa. As minhas relações com elementos de outros clubes, como o Club 11 ou o SF Club (Sugar Factory Club) foram apenas de cordialidade e não interferiram com o meu desempenho. O críticos deviam estar mais calados...
R - Mas houve também alguns problemas com o controlo anti-doping que se diz estarem relacionados. Especialmente no jogos realizados no Vondel Park.
C - Como disse, os críticos dizem muita coisa. Não comento!
R - E quanto a esta transferência. Como surgiu a oportunidade? Apenas por seis meses?
C - Foi tudo muito simples. Houve alguns contactos iniciais, mesmo antes de jogar em Amsterdão e depois as coisas correram muito depressa. Na verdade poderia ter acontecido antes, mas eu e o meu agente decidimos esperar pelo final desta temporada e só agora fazer a transferência. Decidimos fazer as coisas com tranquilidade, muita tranquilidade. Começamos com seis meses e logo se vê....
R - Diz-se que esta foi uma transferência milionária?*
C - Logicamente que uma transferência destas envolve sempre alguns valores mas nada como dizem as revistas. Foi um acordo bom para ambas as partes.
R - E agora já está tudo tratado?
C - Bem está quase tudo. Faltam alguns detalhes mas que iremos tratar com tranquilidade.
R - Mas então? O que falta Canhoto??
C - Falta cumprir-se Portugal!
Indiana Canhoto - Parte III
(continuação da (estupidez) crónica anterior)
Depois de quase 15 dias afastado, aqui vai a versão possível dos acontecimentos ocorridos naquela tarde em Amsterdão. Digo possível porque a memória dilui-se, e qualquer semelhança com a realidade pode começar a tornar-se pura coincidência. Mas a vantagem é que tanto a realidade como a coincidência são produtos da nossa cabeça, por isso pouco importa. Aliás, ninguém quer saber da realidade, senão não se faziam telenovelas.
Pois: a varanda era mesmo alta... Não conseguia sequer agarrá-la para depois me elevar (como se depois tivesse força para isso). Como é que eu poderia chegar lá em cima? Olho em volta. O jardim, tantas vezes visto de cima nas tardes de domingo solarengas a recuperar do Club 11, parecia agora uma selva densa, com arbustos por todo o lado. Recordava-me perfeitamente de observar do alto trono minha varanda o passeio no jardim dos dois gatos que dominam as redondezas: um preto e outro malhado. Curiosamente o gato malhado malha habitualmente no preto que é o gato beta do par.... E provavelmente se o marido da Mohamed entra, quem passa a malhado sou eu!
Logo à entrada do jardim, havia uns tijolos de cimento. Pensei: se conseguisse empilhar uns 7 ou 8 destes se calhar já dava para subir. Arrasto os tijolos para um dos lados e começo a empilhá-los. Que figurinha. A vizinhança mohamed ia-se rindo. Perante o meu desespero, a cunhada da minha vizinha desce da sua varanda um escadote em alumínio. A minha vizinha recebe-o e passo-o para o meu lado por cima da vedação.
OK! Tenho um escadote!! Pelo menos 1.20 a mais eheheh! Obrigadinho oh Mohameda. Subo ao escadote e vejo que apesar de já chegar à varanda, falta-me força nos meus bracinhos de programador para me elevar. A cunhada da vizinha ri-se e graceja: "Devias ter ido para a tropa!" Eu penso "Vai-te f**er oh minha! Deves julgar que eu nasci em Gaza, não?" mas respondo educadamente "Pois é! Fui dado como inapto..." e rio singelamente "eheheh".
Os dois filhos da minha vizinha estão excitadissimos. Correm de uma lado para outro no quintal, riem-se, berram! Deve ser o acontecimento mais fixe desde o natal. Eu só penso: os miudos depois vão contar ao pai que o vizinho "saltou a cerca" e ele pode não perceber que foi em sentido literal e não em figurado e depois vem dar-me um enxerto.
Entretanto surge-me à cabeça uma personagem mítica: o MacGyver!
Só penso: como é que o gajo se safaria desta situação? De certeza ele conseguirira safar-se disto facilmente. E ainda arranjava os brinquedos dos miudos pelo caminho... Mas faltava-me a pastilha elástica, o clip e o canivete!..... Em todo o caso a questão agora era: para ganhar uns centimetros que me dariam o acesso à varanda devo pôr a escada em cima dos tijolos ou os tijolos no topo da escada? Infelizmente, qualquer uma das opções era muito arriscada e tudo parecia estar num equilíbrio muito frágil.
Mas pensando bem isto era culpa do MacGyver! A razão de eu estar ali devia-se de facto ao MacGyver, um gajo de camisa vermelha e preta aos quadrados e com cabelo azeiteiro. É triste, mas verdade. Ele foi um dos grandes inspiradores da minha juventude e foi uma das grandes razões pelas quais me tornei engenheiro, e logo ter vindo para Amesterdão (algumas iterações depois, é claro....). O gajo inspirou-me e agora deixou-me pendurado! Cabrão do "canivetinhos"! Havia de se cortar todo! eeheheh!
Mas nesse preciso momento, o espirito do MacGyver deve ter descido sobre mim e apercebo-me que tenho - desde o inicio - duas cordas de alpinismo penduradas nas grades da varanda. Eu não estava a acreditar: DUAS cordas de ALPINISMO! E era cor de laranja! Como é que eu não tinha visto??
"Está feito" - pensei - "Trepo pelas cordas!!" Mas mais uma vez a minha condição física não ajudava! Ainda andei pendurado numa das cordas tipo Tarzan.... mas não tinha força para subir. Que vergonha! Eu que em tempo fui um jovem atlético agora nem a uma corda consigo subir, e ando aqui armado em Tarzan com a vizinhança toda a rir-se.
O que vale é que a natureza é muito engraça e funciona por compensações! Eu estou fraquinho nos braços mas como ando a estudar muito, estou inteligente e então vou arranjar aqui uma solução para isto puxando pela cabeça (não, não estava a pensar enforcar-me! Não procurava a "solução final"! :)...)
E então surgiu-me, à la MacGyver: e se eu fizesse um laços na corda onde coubessem os pés e assim passava a ter uma escada em corda! Genial! Sou mesmo um gajo esperto! Subo à escada de alumino e cemço a fazer nós para espanto das Mohamedas e da vizinhança! Ouço cochichos enquanto trabalho adincadamente tipo aranhinço. Penso os cochichos deviam corresponder a "O que é que o pacóvio branquinho está a fazer agora: deu-lhe para fazer rendinhas de bilros em cima da escada??"
Depois de várias tentativas para acertar a altura de um dos nós lá consegui criar uma laçada que ficava uns 50 centimetros acima do topo da escada de aluminio, e que já me permitiriar dar o salto para a varanda. Próxima tarefa: colocar lá o pé! A operação era bem mais complicada do que o que parecia inicialmente. Mal levantava um pé da escada de aluminio, esta começava a oscilar muito rapidamente. Tremia!! Parecia que estava mais nervosa que eu! Levantava o pé e ela tremia!.... Decido uma operação ainda mais aparentemente arriscada, mas com mais possibilidades de sucesso. Mantenho o pé esquerdo na escada e apoio-me com o direito na vedação que separa os dois quintais. Fico em posição "Nureyev": se a escada se move, ou se a vedação cede, faço a espargata no ar! E aterro sobre os tijolos
Nessa altura apercebo-me que estou numa posição dificil, muito dificil: penso nos meu pais! Não por qualquer instinto de procura de protecção parental mas porque se um dos meus apoios se vai, e eu me espalho de pernas abertas no chão, a zona mas afectada seria provavelmente aquela que permitiria aos meus pais terem netinhos,,, Coitados deles. Seria uma desilusão muito grande para eles. Para mim seria apenas dores excruciantes até ao final dos meus dias....
Fecho os olhos, ganho concentração, atrás de mim a multidão aplaude. Sinto que tudo se irá decidir num breve momento. O peso de várias gerações sobre mim! A multidão continua a aplaudir. Rapidamente, tiro o pé direito da vedação e fico apoiado apenas no pé esquerdo. Sinto que o tempo para, a multidão parece agora distante, ouço apenas os passarinhos e o barulho do vento. O tempo está congelado, continuo a erguer o pé enquanto seguro com uma das mão a corda. O pé encaixa-se na corda.... Eu volto a respirar, a multidão aplaude em delírio!
Com o pé encaixado consigo erguer-me facilmente. Subo finalmente à varanda. As minha vizinha dá-me os parabéns! Eu respiro fundo! Sei que tudo isto parece um filme... mas sei que ainda não chegamos ao fim e não há garantias que não seja um filme francês!!... Pois: e agora como é que eu entro em casa?? Todas as portas fechadas!
Tento forçar as portas. A madeira estala mas elas resistem! E se partir o vidro?? Um dos mais pequenos? Afinal de contas os vidros são como os corações: devem partir-se em caso de emergência!!
Mas calma!!! A janela de respiração da cozinha, sobre a porta, estava aberta!! Uma oportunidade! O que é que o MacGyver faria?? Provavelmente faria qq coisa com uma chiclet... Mas melhor inspiração que um gajo com cabelo azeiteiro é o Chico Naifas! O Chico Naifas é um tipo que anda pelos lados do Campo Alegre e que já me assaltou o carro duas vezes. O Chico Naifas (ou apenas Naifas para quem já pode partilhar uma certa intimidade por ter sido assaltado duas ou mais vezes) é especialista no truque do arame, para abrir portas do automóveis. O Naifas é mesmo pró! Parece que aprendeu isto em Custoias quando lá esteve cinco anos por tráfico, e melhor que ele agora não há...
Procuro um arame, olho para o chão e nada. Mas há uma solução: o estendal da roupa!!! Pego no estendal e penso se o vou desfazer para arranjar o arame que preciso. Mas verifico que não é preciso já que o estendal é pequeno e cabe precisamente pelo janela da cozinha! Enfio o estendal janela abaixo e com muito jeitinho consigo puxar o trinco da porta. De repente: clique! A porta abre-se!....
Ouvem-se aplausos nas redondezas....
Viro-me para multidão encosto o punho ao peito e em seguida levo dois dedos a boca. Beijo-os e aponto para a vizinhança toda. E bem alto:
"Vocês são os maiores!"
Eles não percebem! E eu retiro-me para os meus aposentos onde tento desinfectar os arranhões que ganhei....
Depois de quase 15 dias afastado, aqui vai a versão possível dos acontecimentos ocorridos naquela tarde em Amsterdão. Digo possível porque a memória dilui-se, e qualquer semelhança com a realidade pode começar a tornar-se pura coincidência. Mas a vantagem é que tanto a realidade como a coincidência são produtos da nossa cabeça, por isso pouco importa. Aliás, ninguém quer saber da realidade, senão não se faziam telenovelas.
Pois: a varanda era mesmo alta... Não conseguia sequer agarrá-la para depois me elevar (como se depois tivesse força para isso). Como é que eu poderia chegar lá em cima? Olho em volta. O jardim, tantas vezes visto de cima nas tardes de domingo solarengas a recuperar do Club 11, parecia agora uma selva densa, com arbustos por todo o lado. Recordava-me perfeitamente de observar do alto trono minha varanda o passeio no jardim dos dois gatos que dominam as redondezas: um preto e outro malhado. Curiosamente o gato malhado malha habitualmente no preto que é o gato beta do par.... E provavelmente se o marido da Mohamed entra, quem passa a malhado sou eu!
Logo à entrada do jardim, havia uns tijolos de cimento. Pensei: se conseguisse empilhar uns 7 ou 8 destes se calhar já dava para subir. Arrasto os tijolos para um dos lados e começo a empilhá-los. Que figurinha. A vizinhança mohamed ia-se rindo. Perante o meu desespero, a cunhada da minha vizinha desce da sua varanda um escadote em alumínio. A minha vizinha recebe-o e passo-o para o meu lado por cima da vedação.
OK! Tenho um escadote!! Pelo menos 1.20 a mais eheheh! Obrigadinho oh Mohameda. Subo ao escadote e vejo que apesar de já chegar à varanda, falta-me força nos meus bracinhos de programador para me elevar. A cunhada da vizinha ri-se e graceja: "Devias ter ido para a tropa!" Eu penso "Vai-te f**er oh minha! Deves julgar que eu nasci em Gaza, não?" mas respondo educadamente "Pois é! Fui dado como inapto..." e rio singelamente "eheheh".
Os dois filhos da minha vizinha estão excitadissimos. Correm de uma lado para outro no quintal, riem-se, berram! Deve ser o acontecimento mais fixe desde o natal. Eu só penso: os miudos depois vão contar ao pai que o vizinho "saltou a cerca" e ele pode não perceber que foi em sentido literal e não em figurado e depois vem dar-me um enxerto.
Entretanto surge-me à cabeça uma personagem mítica: o MacGyver!
Só penso: como é que o gajo se safaria desta situação? De certeza ele conseguirira safar-se disto facilmente. E ainda arranjava os brinquedos dos miudos pelo caminho... Mas faltava-me a pastilha elástica, o clip e o canivete!..... Em todo o caso a questão agora era: para ganhar uns centimetros que me dariam o acesso à varanda devo pôr a escada em cima dos tijolos ou os tijolos no topo da escada? Infelizmente, qualquer uma das opções era muito arriscada e tudo parecia estar num equilíbrio muito frágil.
Mas pensando bem isto era culpa do MacGyver! A razão de eu estar ali devia-se de facto ao MacGyver, um gajo de camisa vermelha e preta aos quadrados e com cabelo azeiteiro. É triste, mas verdade. Ele foi um dos grandes inspiradores da minha juventude e foi uma das grandes razões pelas quais me tornei engenheiro, e logo ter vindo para Amesterdão (algumas iterações depois, é claro....). O gajo inspirou-me e agora deixou-me pendurado! Cabrão do "canivetinhos"! Havia de se cortar todo! eeheheh!
Mas nesse preciso momento, o espirito do MacGyver deve ter descido sobre mim e apercebo-me que tenho - desde o inicio - duas cordas de alpinismo penduradas nas grades da varanda. Eu não estava a acreditar: DUAS cordas de ALPINISMO! E era cor de laranja! Como é que eu não tinha visto??
"Está feito" - pensei - "Trepo pelas cordas!!" Mas mais uma vez a minha condição física não ajudava! Ainda andei pendurado numa das cordas tipo Tarzan.... mas não tinha força para subir. Que vergonha! Eu que em tempo fui um jovem atlético agora nem a uma corda consigo subir, e ando aqui armado em Tarzan com a vizinhança toda a rir-se.
O que vale é que a natureza é muito engraça e funciona por compensações! Eu estou fraquinho nos braços mas como ando a estudar muito, estou inteligente e então vou arranjar aqui uma solução para isto puxando pela cabeça (não, não estava a pensar enforcar-me! Não procurava a "solução final"! :)...)
E então surgiu-me, à la MacGyver: e se eu fizesse um laços na corda onde coubessem os pés e assim passava a ter uma escada em corda! Genial! Sou mesmo um gajo esperto! Subo à escada de alumino e cemço a fazer nós para espanto das Mohamedas e da vizinhança! Ouço cochichos enquanto trabalho adincadamente tipo aranhinço. Penso os cochichos deviam corresponder a "O que é que o pacóvio branquinho está a fazer agora: deu-lhe para fazer rendinhas de bilros em cima da escada??"
Depois de várias tentativas para acertar a altura de um dos nós lá consegui criar uma laçada que ficava uns 50 centimetros acima do topo da escada de aluminio, e que já me permitiriar dar o salto para a varanda. Próxima tarefa: colocar lá o pé! A operação era bem mais complicada do que o que parecia inicialmente. Mal levantava um pé da escada de aluminio, esta começava a oscilar muito rapidamente. Tremia!! Parecia que estava mais nervosa que eu! Levantava o pé e ela tremia!.... Decido uma operação ainda mais aparentemente arriscada, mas com mais possibilidades de sucesso. Mantenho o pé esquerdo na escada e apoio-me com o direito na vedação que separa os dois quintais. Fico em posição "Nureyev": se a escada se move, ou se a vedação cede, faço a espargata no ar! E aterro sobre os tijolos
Nessa altura apercebo-me que estou numa posição dificil, muito dificil: penso nos meu pais! Não por qualquer instinto de procura de protecção parental mas porque se um dos meus apoios se vai, e eu me espalho de pernas abertas no chão, a zona mas afectada seria provavelmente aquela que permitiria aos meus pais terem netinhos,,, Coitados deles. Seria uma desilusão muito grande para eles. Para mim seria apenas dores excruciantes até ao final dos meus dias....
Fecho os olhos, ganho concentração, atrás de mim a multidão aplaude. Sinto que tudo se irá decidir num breve momento. O peso de várias gerações sobre mim! A multidão continua a aplaudir. Rapidamente, tiro o pé direito da vedação e fico apoiado apenas no pé esquerdo. Sinto que o tempo para, a multidão parece agora distante, ouço apenas os passarinhos e o barulho do vento. O tempo está congelado, continuo a erguer o pé enquanto seguro com uma das mão a corda. O pé encaixa-se na corda.... Eu volto a respirar, a multidão aplaude em delírio!
Com o pé encaixado consigo erguer-me facilmente. Subo finalmente à varanda. As minha vizinha dá-me os parabéns! Eu respiro fundo! Sei que tudo isto parece um filme... mas sei que ainda não chegamos ao fim e não há garantias que não seja um filme francês!!... Pois: e agora como é que eu entro em casa?? Todas as portas fechadas!
Tento forçar as portas. A madeira estala mas elas resistem! E se partir o vidro?? Um dos mais pequenos? Afinal de contas os vidros são como os corações: devem partir-se em caso de emergência!!
Mas calma!!! A janela de respiração da cozinha, sobre a porta, estava aberta!! Uma oportunidade! O que é que o MacGyver faria?? Provavelmente faria qq coisa com uma chiclet... Mas melhor inspiração que um gajo com cabelo azeiteiro é o Chico Naifas! O Chico Naifas é um tipo que anda pelos lados do Campo Alegre e que já me assaltou o carro duas vezes. O Chico Naifas (ou apenas Naifas para quem já pode partilhar uma certa intimidade por ter sido assaltado duas ou mais vezes) é especialista no truque do arame, para abrir portas do automóveis. O Naifas é mesmo pró! Parece que aprendeu isto em Custoias quando lá esteve cinco anos por tráfico, e melhor que ele agora não há...
Procuro um arame, olho para o chão e nada. Mas há uma solução: o estendal da roupa!!! Pego no estendal e penso se o vou desfazer para arranjar o arame que preciso. Mas verifico que não é preciso já que o estendal é pequeno e cabe precisamente pelo janela da cozinha! Enfio o estendal janela abaixo e com muito jeitinho consigo puxar o trinco da porta. De repente: clique! A porta abre-se!....
Ouvem-se aplausos nas redondezas....
Viro-me para multidão encosto o punho ao peito e em seguida levo dois dedos a boca. Beijo-os e aponto para a vizinhança toda. E bem alto:
"Vocês são os maiores!"
Eles não percebem! E eu retiro-me para os meus aposentos onde tento desinfectar os arranhões que ganhei....
Monday, May 14, 2007
Indiana Canhoto - Parte II
(continuação da crónica anterior!)
Estava na rua! As chaves dentro de casa. O vizinho de cima deveria estar a imaginar como ele próprio arrombaria a minha porta usando o pé de cabra que tão fielmente guarda já para estas ocasiões. Eu pensava apenas no Horóscopo JN deste fim-de-semana:
Peixes: Fique na cama... E sobretudo, evite todas as regiões a Norte de Paris!!
Os gajos tinha mesmo razão: e então o detalhe geográfico é refinadamente cruel. A norte de Paris!!? PQOP! Parece que tinha sido feito para mim!!? Mas a Maya conhece-me de algum lado????
Bem: por cima nunca entraria na minha casa, por isso toquei no vinzinho de baixo. esse nunca o vi: e não estava! Toco no vizinho da direita: nada! Toco no vizinho da esquerda.... Nada. Mas de repente ouço uma voz feminina! Era uma Mohamed que veio à porta. Eu explico-lhe a situação, com uma ar um pouco desesperado certamente, ela rodeada da filharada, mohameds peqeninos por todos os lados, e depois só me responde:
"Sorry! My husband is not at home!"
E eu só pensava: o minha: sou o teu vizinho!! Mas realmente ela se calhar se me deixasse entrar apanhava uma tareia do marido e era insultada por todos os vizinhos mohameds.
Mas uma coisa que eu tenho aprendido aqui em vária situações de desespero é que a segunda insistência é normalmente mais eficaz. Nunca se deve desistir à primeira e o segundo pedido é decisivo. E então digo, fazendo um ar ainda mais desesperado:
"Desculpe mas é que eu preciso mesmo de entrar em casa e não tenho outra alternativa. Preciso de ir ao seu quintal e subir à minha varanda.
Aí, ela acede:
"Então espere que eu vou chamar a minha cunhada! Dê-me 10 minutos".
Volto para o passeio... Vageuio um pouco! Penso "A Norte de Paris?? PQOP!" Penso na vida... penso mais no tempo que estou a perder! Penso que isto começou tudo com perder fotografias! Penso que sou um gajo neurótico! Penso que tenho de parar de pensar!!!
Entretanto, a Mohamed chama-me. Mas chama-me do género: "Anda! Entra depressa e à sucapa!" Foi isso que eu percebi pela expressão dela. Queria dizer que se o marido entrava, teriamos um atentado sobre mim! O que caraças!! Era o que me faltava!
Entro rapidamente, tentando não olhar para nenhum lado de forma a diminuir a invasção de privalidade. Chego ao quintal. Uma barreira separa o quintal dela do quintal debaixo da minha casa. Ainda por cima não é uma muro: é uma especia de parede de arame sustentada por estacas onde entretanto cresceram arbustos. Como é que eu passo para o outro lado???
Lá tentei entrar por um buraquinho! Mas não dava! Meto uma perna para o outro lado, fico com uma perna em cada lado, os miudos riem-se, a cunhada na andar de cima ri-se. E eu, para não fazer figura ainda mais de palhaço: rio-me tb! É uma risota. Mas como é que eu vou passar para o outro lado?
Tento mais um pouco, afasto uma estaca, afasto um arame, meto a cabeça, penso "Ainda vou ficar aqui todo entascado e vai chegar o marido dela para me partir a cabeça e eu aqui enfiado tipo espantalho!!"
Bem, como que por magia, consegui entrar no buraco da vedação e passei para o outro lado. A minha varanda afinal é alta como o caraças!!! Como é que eu subo até lá cima! Ainda por cima estou sem ginástica nenhuma! Eu sabia que devia ter ido para a tropa.... Mas nunca a norte de Paris!!
Os miudos riam-se com tudo isto! E os vizinhos também... É bom ser mais visto que a telenovela das 6h! PQP!!
(to be continued)
Estava na rua! As chaves dentro de casa. O vizinho de cima deveria estar a imaginar como ele próprio arrombaria a minha porta usando o pé de cabra que tão fielmente guarda já para estas ocasiões. Eu pensava apenas no Horóscopo JN deste fim-de-semana:
Peixes: Fique na cama... E sobretudo, evite todas as regiões a Norte de Paris!!
Os gajos tinha mesmo razão: e então o detalhe geográfico é refinadamente cruel. A norte de Paris!!? PQOP! Parece que tinha sido feito para mim!!? Mas a Maya conhece-me de algum lado????
Bem: por cima nunca entraria na minha casa, por isso toquei no vinzinho de baixo. esse nunca o vi: e não estava! Toco no vizinho da direita: nada! Toco no vizinho da esquerda.... Nada. Mas de repente ouço uma voz feminina! Era uma Mohamed que veio à porta. Eu explico-lhe a situação, com uma ar um pouco desesperado certamente, ela rodeada da filharada, mohameds peqeninos por todos os lados, e depois só me responde:
"Sorry! My husband is not at home!"
E eu só pensava: o minha: sou o teu vizinho!! Mas realmente ela se calhar se me deixasse entrar apanhava uma tareia do marido e era insultada por todos os vizinhos mohameds.
Mas uma coisa que eu tenho aprendido aqui em vária situações de desespero é que a segunda insistência é normalmente mais eficaz. Nunca se deve desistir à primeira e o segundo pedido é decisivo. E então digo, fazendo um ar ainda mais desesperado:
"Desculpe mas é que eu preciso mesmo de entrar em casa e não tenho outra alternativa. Preciso de ir ao seu quintal e subir à minha varanda.
Aí, ela acede:
"Então espere que eu vou chamar a minha cunhada! Dê-me 10 minutos".
Volto para o passeio... Vageuio um pouco! Penso "A Norte de Paris?? PQOP!" Penso na vida... penso mais no tempo que estou a perder! Penso que isto começou tudo com perder fotografias! Penso que sou um gajo neurótico! Penso que tenho de parar de pensar!!!
Entretanto, a Mohamed chama-me. Mas chama-me do género: "Anda! Entra depressa e à sucapa!" Foi isso que eu percebi pela expressão dela. Queria dizer que se o marido entrava, teriamos um atentado sobre mim! O que caraças!! Era o que me faltava!
Entro rapidamente, tentando não olhar para nenhum lado de forma a diminuir a invasção de privalidade. Chego ao quintal. Uma barreira separa o quintal dela do quintal debaixo da minha casa. Ainda por cima não é uma muro: é uma especia de parede de arame sustentada por estacas onde entretanto cresceram arbustos. Como é que eu passo para o outro lado???
Lá tentei entrar por um buraquinho! Mas não dava! Meto uma perna para o outro lado, fico com uma perna em cada lado, os miudos riem-se, a cunhada na andar de cima ri-se. E eu, para não fazer figura ainda mais de palhaço: rio-me tb! É uma risota. Mas como é que eu vou passar para o outro lado?
Tento mais um pouco, afasto uma estaca, afasto um arame, meto a cabeça, penso "Ainda vou ficar aqui todo entascado e vai chegar o marido dela para me partir a cabeça e eu aqui enfiado tipo espantalho!!"
Bem, como que por magia, consegui entrar no buraco da vedação e passei para o outro lado. A minha varanda afinal é alta como o caraças!!! Como é que eu subo até lá cima! Ainda por cima estou sem ginástica nenhuma! Eu sabia que devia ter ido para a tropa.... Mas nunca a norte de Paris!!
Os miudos riam-se com tudo isto! E os vizinhos também... É bom ser mais visto que a telenovela das 6h! PQP!!
(to be continued)
Indiana Canhoto - Parte I
A minha ausência deste blog deve-se a uns dias infernais de trabalho e stress que tenho tido. Aliás, estes últimos dias aqui em Amesterdão têm adquirido uma vertigem com uma série de acontecimentos surreais e irónicos que eu estou quase a dar o tilt. Não sei qual é a causa ou qual é o efeito: se sou que que estou a dar o tilt e então meto-me em situações maradas ou se é ao contrário. Em todo o caso, o sistema já está em feedback positivo, por isso se há alguma coisa certa, é que isto vai piorar.
Na verdade isto está um filme. A custa disso eu talvez venha a escrever um livro, esperando contudo quebrar a velha tradição do filme ser pior que o livro porque posso não ficar rico com o livro mas rio-me à minha própria custa neste filme de 24h por dia. E como em Portugal ninguém quase lê, nunca ficaria rico, até porque as leituras em PT quase que se esgotam com a Bola e o profundissimo Paulo Coelho...
Neste momento escrevo este blog com as mãos cheias de calos. É verdade e apesar de ser um operário mental (sim porque me considero um apenas o correspondente a um mineiro do século 19), hoje tenho as mãos feitas num oito. Eu próprio não estou a acreditar e estou com dificuldade em ordenar os acontecimentos.
De facto, não chegou ter perdido o passaporte - que depois encontrei, após um tipo Balada de Hill Street - como sábado, enquanto verificava cuidadosamente os documentos necessários para o visto, vejo que perdi também as fotos. Fico doido. Se há coisa que me deixa doido é não encontrar alguma coisas....
Claro que revirei a casa. Praguejei! Jurei que nunca mais deixava as coisas fora de sítio! Perguntei a Deus porque é que a minha cabeça me prega partidas! Que a vida me está a deixar um lélé desmemoriado.... etc.... Alías, exactamente igual à última vez que perdi qq coisa, que tinha sido na semana passada. Burro velho não aprende linguas e eu estou cada vez mais burro!
Fiquei doido mas depois de uma ataque de fúria, acalmei e decidi fazer as pazes com a vida. "Calma Luis calma! Qual é o problema? Segunda feira tiras outras fotos e está tudo bem...."
Segunda é hoje! Tinha imensas coisas para fazer e as fotos funcionavam como pedra no sapato. Mas tinha um abstract urgente para entregar por isso comecei a escrever, e por volta do meio dia decidi ir às fotos aqui na Javastraat, cinco minutos da pé! Chego lá: fechado!!! Raios me fodam! Azar do caraças! Se calhar foi almoçar! Venho para casa a pragejar mas tento manter a calma, embora um pensamento recorrente assolava os meus pobre neurónios de burro velho: Nunca nada fica pronto à primeira! Fds!!!!
Bem, volto para casa, volto ao trabalho mantendo o pensamento obsessivo pelas fotos, reviro a casa mais duas vezes e nada!!! Ai!!! Mas "Calma Luis! Os tipos das fotos foram só almoçar: passas lá às 16h que estão lá de certeza". Fui lá outra vez por volta das quatro. Estava fechado. Ai fiquei livido! Que caraças!!!
Volto a casa ainda a pragejar mais. Vou ao sitio web do consulado Americano e vejo outras casas aqui em Amesterdão que tiram as fotos com as dimensões que eles querem. "Olha porreiro! Há outra aqui perto. Posso tentar ir lá mais logo, só tenho que acabar mais este pedaço do abstract". Encho-me de café para dar o golpe final no abstract e escrevo-o e re-escrevo-o numa hora. Envio-o aos co-autores.
Porreiro: são 17h32 aquilo fechas à seis. Vou mas é por-me lá rapidinho pq não há tempo a perder. Pego nas chaves, saio de casa de gás e quando vou fechar a porta olha para as chaves e... são as chaves do insitituto. As minhas chaves tinham ficado dentro!!!!
"Calma Luis. Fecha os olhos e volta a abrir que as chaves aparecem! Tu não estás a ficar chéché e a perder tudo! Não... respirar fundo!"
Lá respirei fundo e fechei e abri os olhos.... Várias vezes mas as chaves que tinha na mão... eram mesmo as do instituto.
Pensamentos estupidos: será que o vizinho tem alguma chave??? Como um dos quartos é partilhado com o apartamento de cima... Vou lá em cima!
Ele atende-me com a prole e diz-me que o melhor é chamar a policia... Eu já estava a ver o filme. O mesmo policia nazi que me olhou de lado quando lhe disse na esquadra que perdi o passaporte agora a vir aqui arrombar a porta do "mediterrânico irresponsável"... Perguntei-lhe se o zelador poderia ter a chave.... E ele: "Não o melhor é mesmo chamar a policia, eles fazem isso muito bem" Eu pensei: tu deves ter querido ser rambo quando eras miudo não é oh maior....
Agradeço e venho para a rua! Talvez o vizinho de baixo me ajude e eu entre pelo quintal e depois trepo à minha varanda e tento entrar por umas das portas....
(à suivre....)
Na verdade isto está um filme. A custa disso eu talvez venha a escrever um livro, esperando contudo quebrar a velha tradição do filme ser pior que o livro porque posso não ficar rico com o livro mas rio-me à minha própria custa neste filme de 24h por dia. E como em Portugal ninguém quase lê, nunca ficaria rico, até porque as leituras em PT quase que se esgotam com a Bola e o profundissimo Paulo Coelho...
Neste momento escrevo este blog com as mãos cheias de calos. É verdade e apesar de ser um operário mental (sim porque me considero um apenas o correspondente a um mineiro do século 19), hoje tenho as mãos feitas num oito. Eu próprio não estou a acreditar e estou com dificuldade em ordenar os acontecimentos.
De facto, não chegou ter perdido o passaporte - que depois encontrei, após um tipo Balada de Hill Street - como sábado, enquanto verificava cuidadosamente os documentos necessários para o visto, vejo que perdi também as fotos. Fico doido. Se há coisa que me deixa doido é não encontrar alguma coisas....
Claro que revirei a casa. Praguejei! Jurei que nunca mais deixava as coisas fora de sítio! Perguntei a Deus porque é que a minha cabeça me prega partidas! Que a vida me está a deixar um lélé desmemoriado.... etc.... Alías, exactamente igual à última vez que perdi qq coisa, que tinha sido na semana passada. Burro velho não aprende linguas e eu estou cada vez mais burro!
Fiquei doido mas depois de uma ataque de fúria, acalmei e decidi fazer as pazes com a vida. "Calma Luis calma! Qual é o problema? Segunda feira tiras outras fotos e está tudo bem...."
Segunda é hoje! Tinha imensas coisas para fazer e as fotos funcionavam como pedra no sapato. Mas tinha um abstract urgente para entregar por isso comecei a escrever, e por volta do meio dia decidi ir às fotos aqui na Javastraat, cinco minutos da pé! Chego lá: fechado!!! Raios me fodam! Azar do caraças! Se calhar foi almoçar! Venho para casa a pragejar mas tento manter a calma, embora um pensamento recorrente assolava os meus pobre neurónios de burro velho: Nunca nada fica pronto à primeira! Fds!!!!
Bem, volto para casa, volto ao trabalho mantendo o pensamento obsessivo pelas fotos, reviro a casa mais duas vezes e nada!!! Ai!!! Mas "Calma Luis! Os tipos das fotos foram só almoçar: passas lá às 16h que estão lá de certeza". Fui lá outra vez por volta das quatro. Estava fechado. Ai fiquei livido! Que caraças!!!
Volto a casa ainda a pragejar mais. Vou ao sitio web do consulado Americano e vejo outras casas aqui em Amesterdão que tiram as fotos com as dimensões que eles querem. "Olha porreiro! Há outra aqui perto. Posso tentar ir lá mais logo, só tenho que acabar mais este pedaço do abstract". Encho-me de café para dar o golpe final no abstract e escrevo-o e re-escrevo-o numa hora. Envio-o aos co-autores.
Porreiro: são 17h32 aquilo fechas à seis. Vou mas é por-me lá rapidinho pq não há tempo a perder. Pego nas chaves, saio de casa de gás e quando vou fechar a porta olha para as chaves e... são as chaves do insitituto. As minhas chaves tinham ficado dentro!!!!
"Calma Luis. Fecha os olhos e volta a abrir que as chaves aparecem! Tu não estás a ficar chéché e a perder tudo! Não... respirar fundo!"
Lá respirei fundo e fechei e abri os olhos.... Várias vezes mas as chaves que tinha na mão... eram mesmo as do instituto.
Pensamentos estupidos: será que o vizinho tem alguma chave??? Como um dos quartos é partilhado com o apartamento de cima... Vou lá em cima!
Ele atende-me com a prole e diz-me que o melhor é chamar a policia... Eu já estava a ver o filme. O mesmo policia nazi que me olhou de lado quando lhe disse na esquadra que perdi o passaporte agora a vir aqui arrombar a porta do "mediterrânico irresponsável"... Perguntei-lhe se o zelador poderia ter a chave.... E ele: "Não o melhor é mesmo chamar a policia, eles fazem isso muito bem" Eu pensei: tu deves ter querido ser rambo quando eras miudo não é oh maior....
Agradeço e venho para a rua! Talvez o vizinho de baixo me ajude e eu entre pelo quintal e depois trepo à minha varanda e tento entrar por umas das portas....
(à suivre....)
Monday, May 7, 2007
Gevonden Voorwerpen
Recordo-me claramente do dia em que cheguei a Amesterdão. Passaram-se três meses e dois dias desde essa altura. Estava eneblado e tinha apenas duas referências: a morada da imobiliária que me alugaria a casa, e a morada da própria casa.
À saída da estação central, salpicada por caras e gentes de todas as cores encontrei a fila de táxis. Meti-me no primeiro, convenientemente escolhido pela destino, arrumei a pesada mala preta e a mochila no carro, prontamente ajudado pelo taxista de meia idade, e indiquei a morada da imobialiária. A caminho era confuso e só me lembro de percorrer algumas avenidas que levaram o taxi até a uma espécie de praça muito cinzenta. Procurava o número 10.
O taxista, ele próprio um pouco perdido, rodou pela primeira vez a praça e não deu com o edificio. Paramos momentaneamente à frente de uma grande esquadra, enquanto ele tentavar orientar-se. O taxista comentou, para complementar as evidências e talvez tentar afastar algum nervosismo da sua desorientação: "Está aqui uma grande esquadra!". Eu colaborei prontamente e disse, em tom de graça "Se tiver de vir aqui é porque a coisa não correu bem!". Rimo-nos breve e cordialmente.
Logo em seguida, como que por efeito deste pacto de circunstância, o número 10 sirgiu mesmo diante dos nossos olhos: edificio da imobiliária ficava mesmo em frente ao ponto onde parámos. O taxista exibia um forte sentimento de satisfação: que tinha finalmente cumprido o seu dever na plenitude. Era nitidamente um homem que não gostava de trapalhadas. O penteado rigoroso confirmava.
Saí, ele ajudou-me com as malas e fiquei à porta do edificio da Alliantie.
O edifício tinha portas rotativas....
Hoje voltei, inesperadamente, a essa estranha praça. Três meses e dois dias depois, chovia torrencialmente em Amsterdão. Procurava desta vez o departamento de Achados e Perdidos. Stephenstraat 18. Entrei na esquadra a pedir informações. Pelo mapa sabia que não estava longe. O agente de serviço indicou-me que o departamento ficava na rua de trás da esquadra. Agradeci e saí.
Lá dei com a porta. Eram 9h02 e o departamento só abria às 9h30. Fiquei abrigado da chuva debaixo de um parapeito. Às 9h30 a porta de correr abre-se magicamente. Entro nesse instante. Os funcionários não esperariam que alguém aparecesse tão imediatamente e fitaram-me. Cumprimento-os e aproximo-me do balcão.
Uma funcionária pergunta-me algo em holandês. Sorrio e peço-lhe se pode repetir em inglês. Explico-lhe para o que venho. Ela consulta o computador e recolhe ao armazem por 30 segundos. Quando volta, pousa em cima do balcão o passaporte que eu tinha perdido na quinta-feira passada.
Sorrio. Ela sorri também. Ela exibia um sentimento de quem tinha realmente cumprido o seu dever na plenitude. E eu mostrava um alívio de quem tinha saido de uma grande trapalhada. É que também eu sou um homem que não gosto de grandes trapalhadas. O meu panteado rigorosamente encharcado confirma-o! Rimo-nos breve e cordialmente. E eu sai com nítida a sensação que devia jogar mais vezes na lotaria....
À saída da estação central, salpicada por caras e gentes de todas as cores encontrei a fila de táxis. Meti-me no primeiro, convenientemente escolhido pela destino, arrumei a pesada mala preta e a mochila no carro, prontamente ajudado pelo taxista de meia idade, e indiquei a morada da imobialiária. A caminho era confuso e só me lembro de percorrer algumas avenidas que levaram o taxi até a uma espécie de praça muito cinzenta. Procurava o número 10.
O taxista, ele próprio um pouco perdido, rodou pela primeira vez a praça e não deu com o edificio. Paramos momentaneamente à frente de uma grande esquadra, enquanto ele tentavar orientar-se. O taxista comentou, para complementar as evidências e talvez tentar afastar algum nervosismo da sua desorientação: "Está aqui uma grande esquadra!". Eu colaborei prontamente e disse, em tom de graça "Se tiver de vir aqui é porque a coisa não correu bem!". Rimo-nos breve e cordialmente.
Logo em seguida, como que por efeito deste pacto de circunstância, o número 10 sirgiu mesmo diante dos nossos olhos: edificio da imobiliária ficava mesmo em frente ao ponto onde parámos. O taxista exibia um forte sentimento de satisfação: que tinha finalmente cumprido o seu dever na plenitude. Era nitidamente um homem que não gostava de trapalhadas. O penteado rigoroso confirmava.
Saí, ele ajudou-me com as malas e fiquei à porta do edificio da Alliantie.
O edifício tinha portas rotativas....
Hoje voltei, inesperadamente, a essa estranha praça. Três meses e dois dias depois, chovia torrencialmente em Amsterdão. Procurava desta vez o departamento de Achados e Perdidos. Stephenstraat 18. Entrei na esquadra a pedir informações. Pelo mapa sabia que não estava longe. O agente de serviço indicou-me que o departamento ficava na rua de trás da esquadra. Agradeci e saí.
Lá dei com a porta. Eram 9h02 e o departamento só abria às 9h30. Fiquei abrigado da chuva debaixo de um parapeito. Às 9h30 a porta de correr abre-se magicamente. Entro nesse instante. Os funcionários não esperariam que alguém aparecesse tão imediatamente e fitaram-me. Cumprimento-os e aproximo-me do balcão.
Uma funcionária pergunta-me algo em holandês. Sorrio e peço-lhe se pode repetir em inglês. Explico-lhe para o que venho. Ela consulta o computador e recolhe ao armazem por 30 segundos. Quando volta, pousa em cima do balcão o passaporte que eu tinha perdido na quinta-feira passada.
Sorrio. Ela sorri também. Ela exibia um sentimento de quem tinha realmente cumprido o seu dever na plenitude. E eu mostrava um alívio de quem tinha saido de uma grande trapalhada. É que também eu sou um homem que não gosto de grandes trapalhadas. O meu panteado rigorosamente encharcado confirma-o! Rimo-nos breve e cordialmente. E eu sai com nítida a sensação que devia jogar mais vezes na lotaria....
Friday, May 4, 2007
Uma esquadra marciana
Sexta-feira. A Holanda festeja uma efeméride de guerra. Ceramplein entardece na presença de uma banda de metais e de um coro. Cantam os mortos e os vivos de há sessenta anos. Eu ouço a musica triste do exterior e ouço jazz no interior da casa. E ouço jazz do exterior e ouço musica triste no interior.
Estou cansado, verdadeiramente cansado neste final de semana. Acabo de chegar a casa depois de caçar um passaporte perdido que foi achado na esquadra da policia e que está nos achados e perdidos à minha espera segunda feira. Nos achados e perdidos... Estarei nos achados ou nos perdidos.
A banda toca o hino lá fora. O jazz toca cá dentro: metais caoticamente ritmados acompanhados de um orgão de fundo. O orgão transplantado para o fundo. Dois minutos de silêncio lá fora. O orgão toca cá dentro. O hino toca lá fora transplantado para dentro... Gostava de dois minutos de silêncio, cá dentro.
De repente todo o mundo me parece distante. Ceramplein parece marte. Os marcianos vestindo fardas e carregando estranhos instrumentos que fazem ruido. Será assim que chamam os outros marcianos? O momento parece grave. Eu assisto, no entanto, sem gravidade, flutuando entre as batidas do jazz. Celembram os marcianos de outro tempo. De repente a minha terra está muito distante. Já não vejo nem a mancha azul no espaço. Será que se perdeu? Ou estará nos achados e perdidos de alguma esquadra marciana?
Respiro fundo e vou fazer o jantar...
Estou cansado, verdadeiramente cansado neste final de semana. Acabo de chegar a casa depois de caçar um passaporte perdido que foi achado na esquadra da policia e que está nos achados e perdidos à minha espera segunda feira. Nos achados e perdidos... Estarei nos achados ou nos perdidos.
A banda toca o hino lá fora. O jazz toca cá dentro: metais caoticamente ritmados acompanhados de um orgão de fundo. O orgão transplantado para o fundo. Dois minutos de silêncio lá fora. O orgão toca cá dentro. O hino toca lá fora transplantado para dentro... Gostava de dois minutos de silêncio, cá dentro.
De repente todo o mundo me parece distante. Ceramplein parece marte. Os marcianos vestindo fardas e carregando estranhos instrumentos que fazem ruido. Será assim que chamam os outros marcianos? O momento parece grave. Eu assisto, no entanto, sem gravidade, flutuando entre as batidas do jazz. Celembram os marcianos de outro tempo. De repente a minha terra está muito distante. Já não vejo nem a mancha azul no espaço. Será que se perdeu? Ou estará nos achados e perdidos de alguma esquadra marciana?
Respiro fundo e vou fazer o jantar...
Saturday, April 28, 2007
Parece as Fontainhas!!
Aproxima-se aquela que é considerada possivelmente a maior festa da Holanda: o Dia da Rainha! E a cidade parece que fica louca, qualquer coisa tipo S. João do Porto! Para já os ciganos cá do sítio (que devem ser os turcos) já instalaram na Dam (a praça que está construida sobre aquilo que se diz ter sido os primórdios de Amsterdam) os vários objectos de diversão, do estilo americano! Algumas imagens:
Mas faltam os carrinhos de choque! E as sardinhas assadas! E os matrecos!!!
Tenho saudades da Invicta Cidade!! E de todos que lá estão!....
Mas faltam os carrinhos de choque! E as sardinhas assadas! E os matrecos!!!
Tenho saudades da Invicta Cidade!! E de todos que lá estão!....
Soma simples
Patrick: o Boina Verde Italiano
Tenho um novo companheiro de apartamento: um italiano de nome Patrick Diviacco! É um tipo divertido, com 23 anos, e com um gosto musical muito mais próximo do meu que o que Jarmo tinha. Na verdade agora já não preciso de ouvir a longas sessões de Phil Collins e de música pop dos anos 80 que o Jarmo tanto gostava e que acompanhava com comentários "This is really good music...". Agora ouço, ou ouvimos coisas mais avançadas, e de qualidade bem melhor. Por isso, para já, e enquanto a Máfia não tomar conta do apartamento, é fixe estar aqui com o Don Diviacco!
Uma das coisas em que decidi logo ajudar este italiano - não vá ele pertencer a alguma família influente no ramo das "limpezas" - foi na compra de uma bicla. Decidimos por isso ir à loja de biclas aqui perto em Muiderpoortstation que é aí a uns 15 minutos a pé daqui. Mas como é só a 3 min de bicla disse-lhe:
"Oh tifosi! Vene qui! Vamos fazer assim: eu levo a minha bicla e tu vais atrás sentado sobre a roda, capice?"
"Oh Luigi! Capisco, capisco! Ma é securo?"
"Oh maggiore! Claro que é seguro! Só tens que sair da bicla quando eu estiver para parar porque não tenho potenza para arrancar contigo com a bicla parada. E para arrancarmos eu começo a pedalar devagarinho e tu entras em locomozioni! Capice?
"Capisco! Va bene!"
Muito fixe. Lá fizemos um teste aqui à porta de casa e correu bem! Ele consegiu sentar-se com a bicla posta em andamento por mim, e quando nos aproximamos do primeito semáforo, mesmo antes de parar, eu disse "Sai agora!" o tifosi lá saiu da bicla.
"É isso ai, Patrick! És italiano mas percebes rápido! Ehehe!"
"Ma que dizes? Italiano che?..."
"Nada, nada pá! Estás a ir bem! Já sabes, quando eu fizer o sinal tu saltati, ok?..."
"OK! Io saltati!"
E lá entramos na rua que nos leva até à Muiderpoortstation. É uma longa rua com uma pista larga para biclas que dá para acelerar muito. É uma espécie de auto-estrada de biclas. Eu começo a dar de gás, o que é complicado inicialmente, mas uma vez embalado, uma bicla com mais de 150 kg atinge pelo menos 35-40km/h. Muito fixe!
E lá nos aproximamos da Muiderpoortstation e quando estavamos a uns 200 metros, ainda a grande velocidade, eu disse:
"OK! Estamos quase a arrivare! É ali!"
Curiosamente não consegui acabar a frase, e senti a bicla muito mais leve: a primeira palavra - "OK" - foi, para grande espando meu, lida pelo Patrick como sinal para SALTAR, mesmo a uns bons 40km/h!
Quando olho para trás, nesse mesmo segundo (tido isto se passou num espaço de 2 segundos) vejo o Patrick todo enrolado pelo chão, tipo bola de bowling!!! O tifosi deu uma boas 4 ou 5voltas antes de parar em cima dos arbustos laterais todo espatifado e a dizer palavrões em italiano!
Eu não estava a acreditar!! Como é que o gajo saltou da bicla a 40Km/hora! Mas ele nunca saiu de um autocarro em andamento quando era pequeno??? Eu não conseguia parar de rir!! Coitado do italiano! Um braço todo esmurrado e um par de calças rotas!
Eu acho que ele deve ter treinado nos Paraquedistas Italianos antes de vir para aqui! O salto da bicla foi mesmo tipo aqueles filme de para-quedistas, com os desgraçados a saltarem do avião a grande velocidade!
O pior é que a loja de biclas, ainda por cima, estava fechada!! Ehehe! Patrick, só tenho uma coisa a dizer-te:
MARCO BELINE É CHE SÁBÉ!!
Uma das coisas em que decidi logo ajudar este italiano - não vá ele pertencer a alguma família influente no ramo das "limpezas" - foi na compra de uma bicla. Decidimos por isso ir à loja de biclas aqui perto em Muiderpoortstation que é aí a uns 15 minutos a pé daqui. Mas como é só a 3 min de bicla disse-lhe:
"Oh tifosi! Vene qui! Vamos fazer assim: eu levo a minha bicla e tu vais atrás sentado sobre a roda, capice?"
"Oh Luigi! Capisco, capisco! Ma é securo?"
"Oh maggiore! Claro que é seguro! Só tens que sair da bicla quando eu estiver para parar porque não tenho potenza para arrancar contigo com a bicla parada. E para arrancarmos eu começo a pedalar devagarinho e tu entras em locomozioni! Capice?
"Capisco! Va bene!"
Muito fixe. Lá fizemos um teste aqui à porta de casa e correu bem! Ele consegiu sentar-se com a bicla posta em andamento por mim, e quando nos aproximamos do primeito semáforo, mesmo antes de parar, eu disse "Sai agora!" o tifosi lá saiu da bicla.
"É isso ai, Patrick! És italiano mas percebes rápido! Ehehe!"
"Ma que dizes? Italiano che?..."
"Nada, nada pá! Estás a ir bem! Já sabes, quando eu fizer o sinal tu saltati, ok?..."
"OK! Io saltati!"
E lá entramos na rua que nos leva até à Muiderpoortstation. É uma longa rua com uma pista larga para biclas que dá para acelerar muito. É uma espécie de auto-estrada de biclas. Eu começo a dar de gás, o que é complicado inicialmente, mas uma vez embalado, uma bicla com mais de 150 kg atinge pelo menos 35-40km/h. Muito fixe!
E lá nos aproximamos da Muiderpoortstation e quando estavamos a uns 200 metros, ainda a grande velocidade, eu disse:
"OK! Estamos quase a arrivare! É ali!"
Curiosamente não consegui acabar a frase, e senti a bicla muito mais leve: a primeira palavra - "OK" - foi, para grande espando meu, lida pelo Patrick como sinal para SALTAR, mesmo a uns bons 40km/h!
Quando olho para trás, nesse mesmo segundo (tido isto se passou num espaço de 2 segundos) vejo o Patrick todo enrolado pelo chão, tipo bola de bowling!!! O tifosi deu uma boas 4 ou 5voltas antes de parar em cima dos arbustos laterais todo espatifado e a dizer palavrões em italiano!
Eu não estava a acreditar!! Como é que o gajo saltou da bicla a 40Km/hora! Mas ele nunca saiu de um autocarro em andamento quando era pequeno??? Eu não conseguia parar de rir!! Coitado do italiano! Um braço todo esmurrado e um par de calças rotas!
Eu acho que ele deve ter treinado nos Paraquedistas Italianos antes de vir para aqui! O salto da bicla foi mesmo tipo aqueles filme de para-quedistas, com os desgraçados a saltarem do avião a grande velocidade!
O pior é que a loja de biclas, ainda por cima, estava fechada!! Ehehe! Patrick, só tenho uma coisa a dizer-te:
MARCO BELINE É CHE SÁBÉ!!
Thursday, April 19, 2007
Tinhas razão Fernando...
E vou tencionar escrever este blog em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-lo
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-lo
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Monday, April 16, 2007
Canhoto FM
Bom dia caros ouvintes da Rádio Canhoto FM e obrigado por estarem ligados a nós.
Após uma semana de grande instabilidade, com temperaturas a rondarem os zeros graus, especialmente nas zonas mais intimas do interior, e com incompreensíveis aguaceiros frequentes depois do anoitecer, o sol brilha de novo na planície.
São esperadas para esta semana temperaturas médias bem mais agradáveis com a diferenças entre a mínima e a máxima muito reduzidas. O céu estará limpo e não se vislumbram, pelo menos para os próximos dias, sinais de núvens pesadas vindas do passado. O vento sopra fraco de sul, e a ondulação manter-se-a inferior ao 50 cm.
Voltaremos depois das notícias, mas para já fiquem com The Fallen dos Franz Ferdinand.
Fiquem connosco!
Radio Canhoto FM a emitir em 31 Mhz de Frequência Moderada!
Até já...
So they say you're a troubled boy
Just because you like to destroy
All the things that bring the idiots joy
Well, what's wrong with a little destruction?
And the Kunst won't talk to you
Cause you kissed St. Rollox adieu
Cause you robbed a supermarket or two
Well, who gives a damn about the profits of Tesco?
Did I see you in a limousine
Flinging out the fish and the unleavened
Turn the rich into wine
As you walk on the mean
Well the fallen are the virtuous among us
Walk among us
Never judge us
Yeah we're all...
Up now and get 'em, boy
Up now and get 'em, boy
Drink to the devil
and death to the doctors!
Did I see you in a limousine
Flinging out the fish and the unleavened
Five thousand users fed today
Oh as you feed us
Won't you lead us
To be blessed
So we stole and drank champagne
On the seventh seal you said you never feel pain
"I never feel pain, won't you hit me again?"
"I need a bit of black and blue to be a rotation"
In my blood I felt bubbles burst
There was a flash of fist, an eyebrow burst
You've a lazy laugh and a red white shirt
I fall to the floor fainting at the sight of blood
Did I see you in a limousine
Flinging out the fish and the unleavened
You turn the rich into wine
Walk on the mean
Be they Magdalen at Virgin you've already been
You've already been and we've already seen
That the fallen are the virtuous among us
Walk among us
Never judge us
To be blessed
La la la la la la la la la la la la la la la la la la la...
So I'm sorry if I ever resisted
I never had a doubt you ever existed
I only have a problem when people insist on
Taking their hate and placing it on your name
So they say you're troubled boy
Just because you like to destroy
You are the word, the word is 'destroy'
I break this bottle, think of you fondly
Did I see you in a limousine
Flinging out the fish and the unleavened
To the whore in a hostel
Or the scum of a scheme
Turn the rich into wine
Walk on the mean
It's not a jag in the arm
It's a nail in the beam
On this barren Earth
You scatter your seed
Be they Magdelan or Virgin
You've already been
and you've already seen...
wahoo! wahoo! wahoo!
Yeah! You've already been,
you've already seen
That the fallen are the virtuous among us
Walk among us
Oh if you judge us
We're all damned.
Após uma semana de grande instabilidade, com temperaturas a rondarem os zeros graus, especialmente nas zonas mais intimas do interior, e com incompreensíveis aguaceiros frequentes depois do anoitecer, o sol brilha de novo na planície.
São esperadas para esta semana temperaturas médias bem mais agradáveis com a diferenças entre a mínima e a máxima muito reduzidas. O céu estará limpo e não se vislumbram, pelo menos para os próximos dias, sinais de núvens pesadas vindas do passado. O vento sopra fraco de sul, e a ondulação manter-se-a inferior ao 50 cm.
Voltaremos depois das notícias, mas para já fiquem com The Fallen dos Franz Ferdinand.
Fiquem connosco!
Radio Canhoto FM a emitir em 31 Mhz de Frequência Moderada!
Até já...
So they say you're a troubled boy
Just because you like to destroy
All the things that bring the idiots joy
Well, what's wrong with a little destruction?
And the Kunst won't talk to you
Cause you kissed St. Rollox adieu
Cause you robbed a supermarket or two
Well, who gives a damn about the profits of Tesco?
Did I see you in a limousine
Flinging out the fish and the unleavened
Turn the rich into wine
As you walk on the mean
Well the fallen are the virtuous among us
Walk among us
Never judge us
Yeah we're all...
Up now and get 'em, boy
Up now and get 'em, boy
Drink to the devil
and death to the doctors!
Did I see you in a limousine
Flinging out the fish and the unleavened
Five thousand users fed today
Oh as you feed us
Won't you lead us
To be blessed
So we stole and drank champagne
On the seventh seal you said you never feel pain
"I never feel pain, won't you hit me again?"
"I need a bit of black and blue to be a rotation"
In my blood I felt bubbles burst
There was a flash of fist, an eyebrow burst
You've a lazy laugh and a red white shirt
I fall to the floor fainting at the sight of blood
Did I see you in a limousine
Flinging out the fish and the unleavened
You turn the rich into wine
Walk on the mean
Be they Magdalen at Virgin you've already been
You've already been and we've already seen
That the fallen are the virtuous among us
Walk among us
Never judge us
To be blessed
La la la la la la la la la la la la la la la la la la la...
So I'm sorry if I ever resisted
I never had a doubt you ever existed
I only have a problem when people insist on
Taking their hate and placing it on your name
So they say you're troubled boy
Just because you like to destroy
You are the word, the word is 'destroy'
I break this bottle, think of you fondly
Did I see you in a limousine
Flinging out the fish and the unleavened
To the whore in a hostel
Or the scum of a scheme
Turn the rich into wine
Walk on the mean
It's not a jag in the arm
It's a nail in the beam
On this barren Earth
You scatter your seed
Be they Magdelan or Virgin
You've already been
and you've already seen...
wahoo! wahoo! wahoo!
Yeah! You've already been,
you've already seen
That the fallen are the virtuous among us
Walk among us
Oh if you judge us
We're all damned.
Sunday, April 15, 2007
Tou-te a micar ó Maior!
Uma das coisas que tenho aperfeiçoado aqui em Amesterdão é a minha capacidade de intuir a nacionalidade das pessoas com quem me cruzo, ou vou falando, sem que eles me precisem de dizer. E é giro, porque me parece que numa cidade destas, esta capacidade é generalizada e toda a gente desenvolve a intuição de perceber a nacionalidade, ou pelo menos a parte do mundo, das pessoas com quem se cruza.
Claro que a capacidade não é igual em todos os casos. Ou seja: eu não consigo perceber se o Mohamed do lado é do Libano ou do Irão mas consigo perceber se um qq pintas é espanhol ou fraçu, ou italiano, ou português MESMO que não abram o bico. Mas o engraçado é que é mais fácil do que o que parece, e eu não sabia que tinha esse fabuloso poder.
No caso dos portugueses, então, mico-os em menos de 1 segundo. Há qualquer coisa no olhar lusitano que é imediatamente acusador da proveniência. Um olhar naturalmente curioso, elástico, rápido, comunicativo, ou, quando devidamente alcoolizado, disperso, introspectivo, profético até, pensando num qq verso de Fernado Pessoa do tipo "Falta Cumprir-se Portugal" enquanto os strobes de uma discoteca lhe iluminam e queimam a face erguida, e o atiram para um qualquer dia de verão nas praias do Alentejo... Ou isso, ou um verso mais popular do tipo "O que tu gostas sei eu" olhando de soslaio para um loira qualquer que dança mais depressa que qualquer descendente de viriato consegue piscar os olhos... "Oh diabita loira" - pensa - "dança dança que logo vês os brandos costumes...".
Bem: mas imediatamente tira-se a pinta. O tipo é tuga!
Claro que há outras coisas que ajudam: um bom tuga tem sempre uma camisinha de marca, ou um sapatito de vela. Um bom tuga insiste em usar a t-shirt da throtleman que tem um boneco que só os portugueses acham piada. Eu por exemplo, tenho várias! E uso-as de facto, como bom português que sou.
Aliás, uma vez quando estava no instituto, e perante o inglês martelado da t-shirt, um americano que lá estava perguntou-me: "oh maior, isso que está ai é inglês?" E eu olho para minha t-shirt, e o tigre qe lá estava, jingão, de óculos escuros e vestido de bermudas dizia de facto "I will put you some cream" num cenário balnear. Perante a pergunta, fiquei a percber que tinha uma t-shirt que dizia um grande bacorada, como muitas que os portugueses usam... E como bom português, também me saiu logo a resposta, e disse, de imediato, como que sacando da vara de campino:
"Oh menaço!" - como ele é americano trato-o por menaço - "tu não estás a ver... Isto é uma piada a um tuga que é o terror do Algarve... O tipo é o devorador de inglêsas e consegue isso, sem sequer falar inglês: manda bitaites destes e lá consegue o que quer. O gajo não é um poeta, mas é prático. É um hell raiser do caraças!!"
E rio-me! Ahahah!
Mas rio-me sozinho.
Eles não perceberam mas ficaram esclarecidos acerca dos portugueses... E eu também! É que o bom português tem como idolo o grande Ze Zé Camarinha: o tigre comedor de bifas!
Bem, mas relativamente a esta capacidade vejo que não é exclusivamente minha, e os outros tugas, turistas ou não, também percebem que eu sou tuga. Aliás, há sempre aquela cena ridicula de eu olhar para um gajo que me parece tuga, e o gajo nesse momento olha para mim e vejo pela expressão que o gajo está a pensar o mesmo que eu.... É do caraças!
Mas ai surge uma coisa muito engraçada, e também muito reveladora do carácter dos portugueses. Há, quase de imediato, um apelo a cumprimentar o outro português. E surge essa vontade forte como um instinto da natureza... Mas exactamente ao mesmo tempo pensamos os dois:
"eh pá, eu não vou estar aqui a cumprimentar um gajo só porque é português. Que coisa mais de provincia!! E nós portugueses somos um povo do mundo, espalhado por todo lado, e portanto não somos de provincia. Fomos nós que descobrimos o mundo todo no tempo daquele gajo... como é que ele se chamava... ai como era?.. Foda-se! Não interessa: vou é ignorar o tuga campónio, que eu não sou desses..."
E ignoramo-nos mutuamente, ignorando também que isso só demonstra o nossos vários complexos tipicamente lusitanos. O acordo tácito de altivamente ingorar o outro é, aliás, a prova final que se trata mesmo de um português!! Muito fixe...
Mas uma outra coisa que isto revela é que EU tenho mesmo cara de tuga. Em tempos, os meus olhos azuis e o cabelo claro ainda me valiam alguma distinção entre os colegas mais morenos da escola. Ainda ouvia coisas, que me deixavam a sentir de certa forma especial, do género:
- "oh Canhoto! Sabes uma coisa, pá?"
- "Não oh maior: diz..."
- "Tu com essa cara até pareces estrageiro, sabes? Grande estilaço, oh méne!"
- "Estrangeiro, pá?" - e perguntava, curioso - "De onde, maior?"
- "Oh pá: não se tá mesmo a ver pá? Lá de fora, pá! Lá de fora!..."
- "Ei.. Tou a ver pá! Muito fixe!..."
E ficava orgulhoso com esta distinção. Mas agora percebo que não, que afinal tenho cara de tuga como todos os outros. Mesmo! Sou um tuga típico e não sabia. O pior é que a autoconfiança masculina baseia-se em coisas muito estupidas, e esta era uma das bases da minha auto-confiança. Vim para aqui, e puxam-me o tapete. Mas não fica por aqui...
A outra coisa em que alguns homems baseiam a sua auto-confiança é na altura. Sim, porque 1.87m em PT é bastante: consigo ver a discoteca da ponta à outra. É um sensação de poder porreira. Sou verdadeiramente o maior... Ou o segundo ou terceiro maior, o que também não é mau.
Contudo, pelas últimas estatísticas que consultei, os holandeses são o povo mais alto do mundo... E se é estranho haver gajos mais altos que eu, é muito mais estranho ver miudas, com pouco mais que metade da minha idade e com mais 10 cm que eu. E não são uma nem duas!
Aqui sinto-me mesmo pequenino...
Zezé Camarinha: és o maior e eu preciso de conselhos teus!!! Plese ajudate this poor tuggy! :)
Claro que a capacidade não é igual em todos os casos. Ou seja: eu não consigo perceber se o Mohamed do lado é do Libano ou do Irão mas consigo perceber se um qq pintas é espanhol ou fraçu, ou italiano, ou português MESMO que não abram o bico. Mas o engraçado é que é mais fácil do que o que parece, e eu não sabia que tinha esse fabuloso poder.
No caso dos portugueses, então, mico-os em menos de 1 segundo. Há qualquer coisa no olhar lusitano que é imediatamente acusador da proveniência. Um olhar naturalmente curioso, elástico, rápido, comunicativo, ou, quando devidamente alcoolizado, disperso, introspectivo, profético até, pensando num qq verso de Fernado Pessoa do tipo "Falta Cumprir-se Portugal" enquanto os strobes de uma discoteca lhe iluminam e queimam a face erguida, e o atiram para um qualquer dia de verão nas praias do Alentejo... Ou isso, ou um verso mais popular do tipo "O que tu gostas sei eu" olhando de soslaio para um loira qualquer que dança mais depressa que qualquer descendente de viriato consegue piscar os olhos... "Oh diabita loira" - pensa - "dança dança que logo vês os brandos costumes...".
Bem: mas imediatamente tira-se a pinta. O tipo é tuga!
Claro que há outras coisas que ajudam: um bom tuga tem sempre uma camisinha de marca, ou um sapatito de vela. Um bom tuga insiste em usar a t-shirt da throtleman que tem um boneco que só os portugueses acham piada. Eu por exemplo, tenho várias! E uso-as de facto, como bom português que sou.
Aliás, uma vez quando estava no instituto, e perante o inglês martelado da t-shirt, um americano que lá estava perguntou-me: "oh maior, isso que está ai é inglês?" E eu olho para minha t-shirt, e o tigre qe lá estava, jingão, de óculos escuros e vestido de bermudas dizia de facto "I will put you some cream" num cenário balnear. Perante a pergunta, fiquei a percber que tinha uma t-shirt que dizia um grande bacorada, como muitas que os portugueses usam... E como bom português, também me saiu logo a resposta, e disse, de imediato, como que sacando da vara de campino:
"Oh menaço!" - como ele é americano trato-o por menaço - "tu não estás a ver... Isto é uma piada a um tuga que é o terror do Algarve... O tipo é o devorador de inglêsas e consegue isso, sem sequer falar inglês: manda bitaites destes e lá consegue o que quer. O gajo não é um poeta, mas é prático. É um hell raiser do caraças!!"
E rio-me! Ahahah!
Mas rio-me sozinho.
Eles não perceberam mas ficaram esclarecidos acerca dos portugueses... E eu também! É que o bom português tem como idolo o grande Ze Zé Camarinha: o tigre comedor de bifas!
Bem, mas relativamente a esta capacidade vejo que não é exclusivamente minha, e os outros tugas, turistas ou não, também percebem que eu sou tuga. Aliás, há sempre aquela cena ridicula de eu olhar para um gajo que me parece tuga, e o gajo nesse momento olha para mim e vejo pela expressão que o gajo está a pensar o mesmo que eu.... É do caraças!
Mas ai surge uma coisa muito engraçada, e também muito reveladora do carácter dos portugueses. Há, quase de imediato, um apelo a cumprimentar o outro português. E surge essa vontade forte como um instinto da natureza... Mas exactamente ao mesmo tempo pensamos os dois:
"eh pá, eu não vou estar aqui a cumprimentar um gajo só porque é português. Que coisa mais de provincia!! E nós portugueses somos um povo do mundo, espalhado por todo lado, e portanto não somos de provincia. Fomos nós que descobrimos o mundo todo no tempo daquele gajo... como é que ele se chamava... ai como era?.. Foda-se! Não interessa: vou é ignorar o tuga campónio, que eu não sou desses..."
E ignoramo-nos mutuamente, ignorando também que isso só demonstra o nossos vários complexos tipicamente lusitanos. O acordo tácito de altivamente ingorar o outro é, aliás, a prova final que se trata mesmo de um português!! Muito fixe...
Mas uma outra coisa que isto revela é que EU tenho mesmo cara de tuga. Em tempos, os meus olhos azuis e o cabelo claro ainda me valiam alguma distinção entre os colegas mais morenos da escola. Ainda ouvia coisas, que me deixavam a sentir de certa forma especial, do género:
- "oh Canhoto! Sabes uma coisa, pá?"
- "Não oh maior: diz..."
- "Tu com essa cara até pareces estrageiro, sabes? Grande estilaço, oh méne!"
- "Estrangeiro, pá?" - e perguntava, curioso - "De onde, maior?"
- "Oh pá: não se tá mesmo a ver pá? Lá de fora, pá! Lá de fora!..."
- "Ei.. Tou a ver pá! Muito fixe!..."
E ficava orgulhoso com esta distinção. Mas agora percebo que não, que afinal tenho cara de tuga como todos os outros. Mesmo! Sou um tuga típico e não sabia. O pior é que a autoconfiança masculina baseia-se em coisas muito estupidas, e esta era uma das bases da minha auto-confiança. Vim para aqui, e puxam-me o tapete. Mas não fica por aqui...
A outra coisa em que alguns homems baseiam a sua auto-confiança é na altura. Sim, porque 1.87m em PT é bastante: consigo ver a discoteca da ponta à outra. É um sensação de poder porreira. Sou verdadeiramente o maior... Ou o segundo ou terceiro maior, o que também não é mau.
Contudo, pelas últimas estatísticas que consultei, os holandeses são o povo mais alto do mundo... E se é estranho haver gajos mais altos que eu, é muito mais estranho ver miudas, com pouco mais que metade da minha idade e com mais 10 cm que eu. E não são uma nem duas!
Aqui sinto-me mesmo pequenino...
Zezé Camarinha: és o maior e eu preciso de conselhos teus!!! Plese ajudate this poor tuggy! :)
Abrunhas...
Não sabia que o Abrunhosa também era canhoto... e que também deve ter estado em Amesterdão!
...
Noite após noite, há já muito tempo,
saio sem saber para onde vou,
chamo por ti, na sombra das ruas,
mas só a lua sabe quem eu sou.
Lua, lua,
eu quero ver o teu brilhar,
lua, lua, lua,
Eu quero ver o teu sorrir.
Leva-me contigo,
mostra-me onde estás,
é que o pior castigo
é viver assim, sem luz nem paz,
sozinho com o peso do caminho
que se fez para trás...
Lua, eu quero ver o teu brilhar,
no luar, no luar.
Homens de chapéu e cigarros compridos
vagueiam pelas ruas com olhares cheios de nada,
mulheres meio despidas encostadas à parede
fazem-me sinais que finjo não entender.
Loucas são as noites, que passo sem dormir,
loucas são as noites.
Os bares estão fechados já não há onde beber,
este silêncio escuro não me deixa adormecer.
...
Nunca pensei dizer isto Abrunhas, mas tu também és o maior!
...
Noite após noite, há já muito tempo,
saio sem saber para onde vou,
chamo por ti, na sombra das ruas,
mas só a lua sabe quem eu sou.
Lua, lua,
eu quero ver o teu brilhar,
lua, lua, lua,
Eu quero ver o teu sorrir.
Leva-me contigo,
mostra-me onde estás,
é que o pior castigo
é viver assim, sem luz nem paz,
sozinho com o peso do caminho
que se fez para trás...
Lua, eu quero ver o teu brilhar,
no luar, no luar.
Homens de chapéu e cigarros compridos
vagueiam pelas ruas com olhares cheios de nada,
mulheres meio despidas encostadas à parede
fazem-me sinais que finjo não entender.
Loucas são as noites, que passo sem dormir,
loucas são as noites.
Os bares estão fechados já não há onde beber,
este silêncio escuro não me deixa adormecer.
...
Nunca pensei dizer isto Abrunhas, mas tu também és o maior!
Thursday, April 12, 2007
O Obelísco
9 de Junho de 1832.
Um barco suspenso ao largo da praia do Mindelo. José Silva, também conhecido entre os restantos mercenários como "O Canhoto", encerra na mão a sua cruz de prata, que aperta com força. A única testemunha simultânea dos campos de trigo da infância e dos campos de batalha de hoje. Com a outra mão, segura a espingarda que faz sombra curta nas tábuas velhas do chão, apontando o destino mais que certo. Uma gota de suor verte lentamente da mão, escorrendo pelo fio da cruz. O sol reflecte na gota.
O tempo escasseia.
A respiração rasga os pulmões.
Ao longe, a voz forte do lider atravessa a brisa...
"Soldados!
Aquelas praias são as do malfadado Portugal: ali, vossos pais, mães, filhos, esposas, parentes e amigos suspiram pela vossa vinda, e confiam nos vossos sentimentos, valor e generosidade.
Vós vindes trazer a paz a uma nação inteira, e a guerra somente a um governo hipócrita, despótico e usurpador.
A empresa é toda de glória; a causa justa e nobre; a vitória certa..."
"A causa é justa..." pensou o Canhoto "... fossem as causas justas a nossa salvação, e estariamos já todos a arder no inferno... "
Um barco suspenso ao largo da praia do Mindelo. José Silva, também conhecido entre os restantos mercenários como "O Canhoto", encerra na mão a sua cruz de prata, que aperta com força. A única testemunha simultânea dos campos de trigo da infância e dos campos de batalha de hoje. Com a outra mão, segura a espingarda que faz sombra curta nas tábuas velhas do chão, apontando o destino mais que certo. Uma gota de suor verte lentamente da mão, escorrendo pelo fio da cruz. O sol reflecte na gota.
O tempo escasseia.
A respiração rasga os pulmões.
Ao longe, a voz forte do lider atravessa a brisa...
"Soldados!
Aquelas praias são as do malfadado Portugal: ali, vossos pais, mães, filhos, esposas, parentes e amigos suspiram pela vossa vinda, e confiam nos vossos sentimentos, valor e generosidade.
Vós vindes trazer a paz a uma nação inteira, e a guerra somente a um governo hipócrita, despótico e usurpador.
A empresa é toda de glória; a causa justa e nobre; a vitória certa..."
"A causa é justa..." pensou o Canhoto "... fossem as causas justas a nossa salvação, e estariamos já todos a arder no inferno... "
Saturday, April 7, 2007
Dans le port d'Amsterdam (III, IV, V...)
Jacques, deves estar a dar voltas na tumba:
1) Versão Idolos Françu
2) Versão Vou pedir dinheiro para a porta da igreja que é para comprar LSD
3) Versão Eu já fui uma gaja fixe mas agora os anti-depressivos ajudam... é pena é continuar a beber como uma esponja
4) Versão Cogumelos ao Pequeno-Almoço
5) Versão Eu sou amigo do La Féria e vou estar no Rivoli do Porto para o ano
6) Versão Já engatei umas gajas à custa do Jacques...
7) Versão A minha namorada acha-me muita piada (mas acho que me anda a enganar...)
8) Versão Brel?!? O que eu curto é Ramones!
9) Versão Eu antigamente pedia à porta da igreja mas fui para a América e comprei este casaco e agora acho que sou o maior
10) Versão Fazemos isto aos sábados à noite porque os Srs. Drs. deixam mas depois voltamos para as células de reclusão
11) Versão O Rolando acha que canto muito bem!
12) Versão Nós de vez em quando fumamos umas merdas...Mas tá-se bem!
13) Versão Elvis is Alive! Eu é que nem por isso...
14) Versão Só faço isto porque o meu pai está na crise da meia idade e... coitado do homem!
Jacques: onde quer que estejas, sei que deves estar a sofrer!
Aquele abraço, pá!!
No porto de Amesterdão
Há marinheiros que bebem
e que bebem e emborcam
E voltam a emborcar...
La la la la...
1) Versão Idolos Françu
2) Versão Vou pedir dinheiro para a porta da igreja que é para comprar LSD
3) Versão Eu já fui uma gaja fixe mas agora os anti-depressivos ajudam... é pena é continuar a beber como uma esponja
4) Versão Cogumelos ao Pequeno-Almoço
5) Versão Eu sou amigo do La Féria e vou estar no Rivoli do Porto para o ano
6) Versão Já engatei umas gajas à custa do Jacques...
7) Versão A minha namorada acha-me muita piada (mas acho que me anda a enganar...)
8) Versão Brel?!? O que eu curto é Ramones!
9) Versão Eu antigamente pedia à porta da igreja mas fui para a América e comprei este casaco e agora acho que sou o maior
10) Versão Fazemos isto aos sábados à noite porque os Srs. Drs. deixam mas depois voltamos para as células de reclusão
11) Versão O Rolando acha que canto muito bem!
12) Versão Nós de vez em quando fumamos umas merdas...Mas tá-se bem!
13) Versão Elvis is Alive! Eu é que nem por isso...
14) Versão Só faço isto porque o meu pai está na crise da meia idade e... coitado do homem!
Jacques: onde quer que estejas, sei que deves estar a sofrer!
Aquele abraço, pá!!
No porto de Amesterdão
Há marinheiros que bebem
e que bebem e emborcam
E voltam a emborcar...
La la la la...
Dans le port d'Amsterdam (II)
In the port of Amsterdam
There's a sailor who drinks
And he drinks and he drinks
And he drinks once again
He'll drink to the health
Of the whores of Amsterdam...
David: és o MAIOR!
There's a sailor who drinks
And he drinks and he drinks
And he drinks once again
He'll drink to the health
Of the whores of Amsterdam...
David: és o MAIOR!
Dans le port d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui boivent
Et qui boivent et reboivent
Et qui reboivent encore
Ils boivent à la santé
Des putains d'Amsterdam...
Jacques: és o MAIOR!...
Y a des marins qui boivent
Et qui boivent et reboivent
Et qui reboivent encore
Ils boivent à la santé
Des putains d'Amsterdam...
Jacques: és o MAIOR!...
Eu já tenho o Cartão Gold!
Sair à noite em Amesterdão é bastante caro. Não que as bebidas sejam caras, porque os preços são próximos ou até em certos casos mais baratos que nas lusitanas terras, mas uma ida à uma discoteca (ou um "Club" como aqui se diz) acarreta toda uma série de despesas "extraodrinárias"...
A primeira coisa é que se paga à cabeça 10 ou 15 euros. O problema é que esta quantia não dá direito à bebidas nenhumas: é só mesmo para podermos entrar no club. Aliás, não há cartões de consumo e as bebidas são paga no acto, o que em si não é mau e garante que se pode sair no momento em que se quiser.
Depois, há a salinha do cabide. Em PT raramente uso o cabide porque ou saio de carro e deixo o casaco no carro, ou nem sequer levo grandes casacos e consigo ver-me livre deles facilmente antes de entrar em algum lado. Aqui não é possivel andar sem casaco porque é um frio do camano à noite. Na prática, isso significa mais dois euros. Ou seja:já se vai em 17 euros e um gajo acabou de entrar.
Mas não acaba aqui: paga-se por cada ida ao quarto-de-banho! Em média 50 centimos. Pois... É tipo taxa moderadora nos hopsitais. Mas o esquema até é engraçado. A zona da casa de banho é explorada por um grupo de jovens (com 31 anos já me posso referir assim às rapariguitas de 20 aninhos e jovens imberbes) que cria um "club dentro do club". Ou seja, a zona é totalmente redecorada por eles, quase sempre tem música própria (com o seu próprio equipamento), e não servem bebidas mas vendem rebuçados. É bastante giro. Têm lá um pratito onde esperam receber as moedas dos mais aflitos. Também disponibilizam pentes, desodorizantes e outros acessórios e produtos de higiene pessoal para que não falte nada ao cliente do lavabos. Muito bom...
O problema é que eu nunca me tinha apercebido de quantas vezes é que um gajo vai mesmo ao WC quando está numa discoteca. É que se sai caro ingerir umas surbias, sai caro completar o ciclo da natureza e expelir o indesejado. Ora, se cada cerveja custa cerca de 2.50 Euros, na prática o preço passa para 2.75E ou 3.00E por cerveja se se incluir a respectiva finalização do ciclo. É incrival mas isto isto dá cerca de 15% de comissão ao grupo de jovens empresários da noite.
Claro, que os jovens empresários percebem que com esse preços estão a pedir para ser mitrados. E é facil. Um tipo entra muito depressa na casa de banho a fingir que está aflito (o que é que se pode fazer nessas situações, certo? ) e depois sai logo atrás de um pacóvio que põe lá a moedinha. É tudo tão rápido que eles não podem fazer nada. Eu já testei essa estratégia várias vezes e funciona. Aprendi com um Mohamed!
Mas para evitar serem muito mitrados eles propõem uma solução alternativa: paga-se um taxa única de 2E e pode-se fazer uso das casas de banho à vontade durante a noite toda... Ah! Que maravilha!
E até oferecem um cartão de cliente habitual, tipo os das milhas das companhias aereas: o cartão "Frequent Mijator". Quando chegas aos 10 litros oferecem-te um rebuçado e uma pastilha para incontinência. Com cartão Gold até podes lavar as mãos à saida... Isso é que é estilo!
Há cenas do caraças! Amsterdam by Night! :)
A primeira coisa é que se paga à cabeça 10 ou 15 euros. O problema é que esta quantia não dá direito à bebidas nenhumas: é só mesmo para podermos entrar no club. Aliás, não há cartões de consumo e as bebidas são paga no acto, o que em si não é mau e garante que se pode sair no momento em que se quiser.
Depois, há a salinha do cabide. Em PT raramente uso o cabide porque ou saio de carro e deixo o casaco no carro, ou nem sequer levo grandes casacos e consigo ver-me livre deles facilmente antes de entrar em algum lado. Aqui não é possivel andar sem casaco porque é um frio do camano à noite. Na prática, isso significa mais dois euros. Ou seja:já se vai em 17 euros e um gajo acabou de entrar.
Mas não acaba aqui: paga-se por cada ida ao quarto-de-banho! Em média 50 centimos. Pois... É tipo taxa moderadora nos hopsitais. Mas o esquema até é engraçado. A zona da casa de banho é explorada por um grupo de jovens (com 31 anos já me posso referir assim às rapariguitas de 20 aninhos e jovens imberbes) que cria um "club dentro do club". Ou seja, a zona é totalmente redecorada por eles, quase sempre tem música própria (com o seu próprio equipamento), e não servem bebidas mas vendem rebuçados. É bastante giro. Têm lá um pratito onde esperam receber as moedas dos mais aflitos. Também disponibilizam pentes, desodorizantes e outros acessórios e produtos de higiene pessoal para que não falte nada ao cliente do lavabos. Muito bom...
O problema é que eu nunca me tinha apercebido de quantas vezes é que um gajo vai mesmo ao WC quando está numa discoteca. É que se sai caro ingerir umas surbias, sai caro completar o ciclo da natureza e expelir o indesejado. Ora, se cada cerveja custa cerca de 2.50 Euros, na prática o preço passa para 2.75E ou 3.00E por cerveja se se incluir a respectiva finalização do ciclo. É incrival mas isto isto dá cerca de 15% de comissão ao grupo de jovens empresários da noite.
Claro, que os jovens empresários percebem que com esse preços estão a pedir para ser mitrados. E é facil. Um tipo entra muito depressa na casa de banho a fingir que está aflito (o que é que se pode fazer nessas situações, certo? ) e depois sai logo atrás de um pacóvio que põe lá a moedinha. É tudo tão rápido que eles não podem fazer nada. Eu já testei essa estratégia várias vezes e funciona. Aprendi com um Mohamed!
Mas para evitar serem muito mitrados eles propõem uma solução alternativa: paga-se um taxa única de 2E e pode-se fazer uso das casas de banho à vontade durante a noite toda... Ah! Que maravilha!
E até oferecem um cartão de cliente habitual, tipo os das milhas das companhias aereas: o cartão "Frequent Mijator". Quando chegas aos 10 litros oferecem-te um rebuçado e uma pastilha para incontinência. Com cartão Gold até podes lavar as mãos à saida... Isso é que é estilo!
Há cenas do caraças! Amsterdam by Night! :)
Monday, April 2, 2007
O regresso às pequenas vitórias!
A minha adaptação à Holanda cresce de dia para dia! E isso vê-se na forma cada vez mais habilidosa como eu manejo a minha bicla! Aos poucos já consigo fazer alguns dos pequenos truques que os tipos daqui fazem. É certo que ele praticamente nasceram em cima da bicla, mas não há nada que o Canhoto não aprenda a fazer! Cruzes Canhoto!!
Pois agora consigo fazer as seguintes habilidades:
1) consigo ligar/desligar o dinâmo da luz da bicla em andamento. Não preciso de fazer a figura ridicula de parar a bicla para ligar ou desligar a luz
2) quando chego a um semáforo consigo parar a bicla e manter-me equilibrado e sem por o pê no chão ai uns 2 ou 3 segundos que muitas vezes é o tempo exacto em que o semáforo muda. É muito conveniente e dá cá um estilo que vocês não estão a ver. A velhinhas até batem palmas e pensam (em árabe) "No meu tempo também fazia aquilo..."
3) E por falar em estilo, já guio só com uma mão, mentendo a outra atrás das costas segurando o selim... Os holandeses fazem muito isso: é uma espécie de andar jingão com a mão no bolso (tipo Chico Fininho), só que se neste caso se metesse mesmo a mão no bolso era muito estranho. Ganda estilo!
E os Holadeses sabem apreciar. Os gajos viram que eu tenho um estilo do caraças e decidiram atribuir-me um lugar reservado para a minha bicla mesmo no centro de Amesterdão, perto da Estação Central. Um lugar de primeirissima, num sítio onde encontrar lugar para a bicla é quase tão dificil como encontrar um tribunal em Portugual que não deixe os processos prescreverem. Aqui está a minha bilca paradinha no MEU lugar PRIVADO:
Para quem não sabe holandês, o que lá diz é "Grande Luis" que, como toda a gente aqui em Amesterdão sabe, sou eu! Big Louis para os amigos!
Aqui toda a gente sabe que eu sou o MAIOR!! :)
Pois agora consigo fazer as seguintes habilidades:
1) consigo ligar/desligar o dinâmo da luz da bicla em andamento. Não preciso de fazer a figura ridicula de parar a bicla para ligar ou desligar a luz
2) quando chego a um semáforo consigo parar a bicla e manter-me equilibrado e sem por o pê no chão ai uns 2 ou 3 segundos que muitas vezes é o tempo exacto em que o semáforo muda. É muito conveniente e dá cá um estilo que vocês não estão a ver. A velhinhas até batem palmas e pensam (em árabe) "No meu tempo também fazia aquilo..."
3) E por falar em estilo, já guio só com uma mão, mentendo a outra atrás das costas segurando o selim... Os holandeses fazem muito isso: é uma espécie de andar jingão com a mão no bolso (tipo Chico Fininho), só que se neste caso se metesse mesmo a mão no bolso era muito estranho. Ganda estilo!
E os Holadeses sabem apreciar. Os gajos viram que eu tenho um estilo do caraças e decidiram atribuir-me um lugar reservado para a minha bicla mesmo no centro de Amesterdão, perto da Estação Central. Um lugar de primeirissima, num sítio onde encontrar lugar para a bicla é quase tão dificil como encontrar um tribunal em Portugual que não deixe os processos prescreverem. Aqui está a minha bilca paradinha no MEU lugar PRIVADO:
Para quem não sabe holandês, o que lá diz é "Grande Luis" que, como toda a gente aqui em Amesterdão sabe, sou eu! Big Louis para os amigos!
Aqui toda a gente sabe que eu sou o MAIOR!! :)
Quem sabe... never forgets!
Pois a verdade é que de andar tanto tempo no meio dos Holandeses, e de só falar inglês, começo a ficar com alguns tiques de linguagem tipo Avec, mas com o inglês. I mean, de tanto falar inglês, já começo a pensar en inglês. Holy shit... E eu que sempre gozei com os emigras, estou a tornar-me num deles. Ainda por cima, versão Lauro Dermio!...
Mas tive neste weekend uma prova de que nem tudo está perdido. Ia de bicla ter com o Jarmo a um café aqui perto, e ao chegar a um cruzamento que é bastante perigoso, fiz como faço sempre: abrando e paro mesmo sabendo que há passadeira para as bikes.
Vejo ao fundo um Mazda vermelho, já um bocado wreck e cheio de tuning com música aos berros (aqui nas redondezas o tuning tem muitos adeptos). Era um Mahomed que lá vinha dar o seu sunday drive. Como vinha longe, embora a uma velocidade apreciável, decidi aproximar-me da passadeira e preparo-me para atravessar. No momento em que vou dar a pedalada decisiva, com o gajo a uma distância muito razoável, vejo que ele não faz tenções de parar e obriga-me a mim a parar e a recuar um bocado. O gajo passar por mim em alto speed e se eu tivesse metido o pescoço ficava provavelmente em pasta de salmiakki.
Perante esta falta de civismo do Mohamed, pouco habitual nestas paragens e por isso mais perigosa, saiu-me muito espontaneamente e em volume bastante audível para os transeuntes a seguinte pérola lusitana:
CABRÃO DO CAR###O!!! Oh FILHO DA P###!
Fiquei mesmo contente! É que aquilo saiu-me mesmo automaticamente. Ainda há salvação para mim, e provavelmente não ficarei um Avec. Isto quem sabe nunca forgets! É como andar de bicla, o que vem mesmo a propósito que é o que faço aqui na Holanda! Mas com cuidadinho por causa dos Mohameds de tuning!
There are scene of the caraces, ma man! :)
Mas tive neste weekend uma prova de que nem tudo está perdido. Ia de bicla ter com o Jarmo a um café aqui perto, e ao chegar a um cruzamento que é bastante perigoso, fiz como faço sempre: abrando e paro mesmo sabendo que há passadeira para as bikes.
Vejo ao fundo um Mazda vermelho, já um bocado wreck e cheio de tuning com música aos berros (aqui nas redondezas o tuning tem muitos adeptos). Era um Mahomed que lá vinha dar o seu sunday drive. Como vinha longe, embora a uma velocidade apreciável, decidi aproximar-me da passadeira e preparo-me para atravessar. No momento em que vou dar a pedalada decisiva, com o gajo a uma distância muito razoável, vejo que ele não faz tenções de parar e obriga-me a mim a parar e a recuar um bocado. O gajo passar por mim em alto speed e se eu tivesse metido o pescoço ficava provavelmente em pasta de salmiakki.
Perante esta falta de civismo do Mohamed, pouco habitual nestas paragens e por isso mais perigosa, saiu-me muito espontaneamente e em volume bastante audível para os transeuntes a seguinte pérola lusitana:
CABRÃO DO CAR###O!!! Oh FILHO DA P###!
Fiquei mesmo contente! É que aquilo saiu-me mesmo automaticamente. Ainda há salvação para mim, e provavelmente não ficarei um Avec. Isto quem sabe nunca forgets! É como andar de bicla, o que vem mesmo a propósito que é o que faço aqui na Holanda! Mas com cuidadinho por causa dos Mohameds de tuning!
There are scene of the caraces, ma man! :)
Thursday, March 29, 2007
É preciso ter lata!!...
Primeiro foi a história da tapetinho para o quarto de banho que o Jarmo queria comprar. Depois foi a sertã que é super fatela e cheira a queimado até quando estamos a fazer arroz. Depois foi história dos DVD... E de certeza todas as outras vezes que fui MITRADO nas lojas turcas e nem dei por isso...
Depois foi aquela notícia de que o Governo Turco tinha lançado moedas de valor irrisório mas que são quase iguais à moedas de 2 Euros da união europeia. Subitamente todas as máquinas de tabaco nas fronteiras turcas ficaram sem tabaco e os donos só juntaram 50 centimos. Até as máquinas de preservativos esgotaram a distâncias de 600 kilometros da fronteira turca, e que se saiba, as vendas de Viagra não acompaharam (segundo a Pfeizer Istambul)!
Ou seja estes Turcos vivem do mitranço. Mas: admitir publicamente que mitram o pessoal é um bocado de lata a mais. Podia fazer a coisa pela calada, à boa maneira dos políticos portugueses ou do apito dourado ou coisa do género, mas não, tem a lata de admitir que vão mitrar um gajo.
Estive a fazer uma investigação nas loja aqui em torno da Javaplein e encontrei esta pérola:
O gajo não podia ser mais explicito....
Mas há mais:
* há a loja de material informático em segunda mão Indromin Anç
* há frutaria Goba Tud (relembre-se que "G" em holandês lê-se "Rh")
* o café Al Gran Gamanss
entre muitos outros...
Realmente, só é gamado quem quer!!
Vocês é que têm razão: só pacóvios branquinhos é que são indrominados.
Por falar nisso: estava a precisar de uns dias de praia... Ai tava, tava! Maravilha!!! Deixa ver como estão as viagens para o Suriname ali na agência "Fikas Em Terrah". A loja tem pinta... Deixa-me entrar... Parece-me que está ali um pacote fixe!!!
Depois foi aquela notícia de que o Governo Turco tinha lançado moedas de valor irrisório mas que são quase iguais à moedas de 2 Euros da união europeia. Subitamente todas as máquinas de tabaco nas fronteiras turcas ficaram sem tabaco e os donos só juntaram 50 centimos. Até as máquinas de preservativos esgotaram a distâncias de 600 kilometros da fronteira turca, e que se saiba, as vendas de Viagra não acompaharam (segundo a Pfeizer Istambul)!
Ou seja estes Turcos vivem do mitranço. Mas: admitir publicamente que mitram o pessoal é um bocado de lata a mais. Podia fazer a coisa pela calada, à boa maneira dos políticos portugueses ou do apito dourado ou coisa do género, mas não, tem a lata de admitir que vão mitrar um gajo.
Estive a fazer uma investigação nas loja aqui em torno da Javaplein e encontrei esta pérola:
O gajo não podia ser mais explicito....
Mas há mais:
* há a loja de material informático em segunda mão Indromin Anç
* há frutaria Goba Tud (relembre-se que "G" em holandês lê-se "Rh")
* o café Al Gran Gamanss
entre muitos outros...
Realmente, só é gamado quem quer!!
Vocês é que têm razão: só pacóvios branquinhos é que são indrominados.
Por falar nisso: estava a precisar de uns dias de praia... Ai tava, tava! Maravilha!!! Deixa ver como estão as viagens para o Suriname ali na agência "Fikas Em Terrah". A loja tem pinta... Deixa-me entrar... Parece-me que está ali um pacote fixe!!!
Tuesday, March 27, 2007
Os Grandes Portugueses - Errata!!
Agora que estou aqui de novo na Holanda, cabe-me a responsabilidade de, perante os Holandeses, limpar a imagem que os portugueses são um povo que não bate bem da bola.
Então vejam lá esta notícia que saiu aqui na Holanda que não lembra o diabo. Não sei como é que os Holandeses se lembram destas coisas. Como se fosse possível. Desconfio que este Telegraaf é um jornal sencionalista como o Crime ou o 24Horas. E esta do notícia do www.reformatorischdagblad.nl também diz o mesmo! Deve ser uma acção concertada por alguma força do mal! Só pode!
Então não é que este tipos estão a dizer que 41% de votantes no programa os Grandes Portugueses elegeram António Oliveira Salazar como o Maior Português de todos os tempos. Estes holandeses devem estar a delirar!!...
É que toda a gente sabe que os portugueses nunca votariam no Salazar. Aliás, como isto foi logo após ao jogo Portugal-Belgica, só poderia haver um Grande Português! O Ricardo Quaresma! Olha para ele:
Isto é que é o golo dos 3 efes! "Foda-se! Foda-se! Foda-se que o gajo é mágico!" :)
Ou então o Maior Tuga seria mesmo o Filipão. Já o estou a ouvir a dizer: "Párá sei potuguêis tem qui ACREDITAR, né!"
Póh Filipão! Você é qui sábi né! Mas aqui o Canhoto num tá acreditando, nãu! Puuxaaa vida, cara....!
Então vejam lá esta notícia que saiu aqui na Holanda que não lembra o diabo. Não sei como é que os Holandeses se lembram destas coisas. Como se fosse possível. Desconfio que este Telegraaf é um jornal sencionalista como o Crime ou o 24Horas. E esta do notícia do www.reformatorischdagblad.nl também diz o mesmo! Deve ser uma acção concertada por alguma força do mal! Só pode!
Então não é que este tipos estão a dizer que 41% de votantes no programa os Grandes Portugueses elegeram António Oliveira Salazar como o Maior Português de todos os tempos. Estes holandeses devem estar a delirar!!...
É que toda a gente sabe que os portugueses nunca votariam no Salazar. Aliás, como isto foi logo após ao jogo Portugal-Belgica, só poderia haver um Grande Português! O Ricardo Quaresma! Olha para ele:
Isto é que é o golo dos 3 efes! "Foda-se! Foda-se! Foda-se que o gajo é mágico!" :)
Ou então o Maior Tuga seria mesmo o Filipão. Já o estou a ouvir a dizer: "Párá sei potuguêis tem qui ACREDITAR, né!"
Póh Filipão! Você é qui sábi né! Mas aqui o Canhoto num tá acreditando, nãu! Puuxaaa vida, cara....!
Thursday, March 15, 2007
Sr. Comandante: Voe devagarinho p.f.....
Sábado volto para Portugal para visitar família e amigos!
Como emigrante que sou senti-me tocado pela seguinte música do grande Graciano Saga.
É caso para pedir ao Comandante da TAP para ir devagarinho... Por favor não acelere muito ali à entrada dos Pirinéus, ok? E não se esqueça das luzes. Se tiver sono encoste!! Nem que seja à hospedeira!
Graciano Saga! És maior que a Odissesa: tu é que és a Granda Saga!!
Eu também quero abraçar Portugal!! :)
Como emigrante que sou senti-me tocado pela seguinte música do grande Graciano Saga.
É caso para pedir ao Comandante da TAP para ir devagarinho... Por favor não acelere muito ali à entrada dos Pirinéus, ok? E não se esqueça das luzes. Se tiver sono encoste!! Nem que seja à hospedeira!
Graciano Saga! És maior que a Odissesa: tu é que és a Granda Saga!!
Eu também quero abraçar Portugal!! :)
Slow emotion replay...
Como o aproximar da fatídica data, tem-me surgido à cabeça uma velha canção que será conhecida pra quem ainda se lembram dos The The:
The more I see
The less I know
About all the things I thought were wrong or right
and carved in stone
So, don't ask me about
War, Religion, or God
Love, Sex, or Death
Because....
Everybody knows what's going wrong with the world
But I don't even know what's going on in myself.
You've gotta work out your own salvation.
With no explanation to this Earth we fall
On hands and knees we crawl
And we look up to the stars
And we reach out and pray
To a deaf, dumb and blind God who never explains.
Every body knows what's going wrong with the world
But I don't even know what's going on in myself.
Lord, I've been here for so long
I can feel it coming down on me
I'm just a slow emotion replay of somebody I used to be.
Claro que o meu estado de espírito filosófico só contribuiu para ser indrominado outra vez por um turco!! Comprei uma caixa de CD's quando pensava que estava a comprar uma caixa de DVD's... e paguei como DVD's. Mas o gajo foi habilidoso!
Enfim... Oh Mohamed, tu é que sabes: "You've gotta work out your own salvation!" :)
The more I see
The less I know
About all the things I thought were wrong or right
and carved in stone
So, don't ask me about
War, Religion, or God
Love, Sex, or Death
Because....
Everybody knows what's going wrong with the world
But I don't even know what's going on in myself.
You've gotta work out your own salvation.
With no explanation to this Earth we fall
On hands and knees we crawl
And we look up to the stars
And we reach out and pray
To a deaf, dumb and blind God who never explains.
Every body knows what's going wrong with the world
But I don't even know what's going on in myself.
Lord, I've been here for so long
I can feel it coming down on me
I'm just a slow emotion replay of somebody I used to be.
Claro que o meu estado de espírito filosófico só contribuiu para ser indrominado outra vez por um turco!! Comprei uma caixa de CD's quando pensava que estava a comprar uma caixa de DVD's... e paguei como DVD's. Mas o gajo foi habilidoso!
Enfim... Oh Mohamed, tu é que sabes: "You've gotta work out your own salvation!" :)
Monday, March 12, 2007
Ik kook voor de Mensen (Cozinho para o Povo)!
Uma das tarefas que mais me tem dado gozo aqui em Amesterdão, e que só envolve substância lícitas, é cozinhar! Todos os dias, depois de vir do Instituto (onde a comida até nem é má, e quem como eu sobreviveu à cantina da antiga FEUP pode facilmente perceber que eu até posso ficar contente com comida de cantina de um instituto nesta terra das salsichas) passo no supermercado Albert Heijn e faço umas comprinhas para o jantar.
Um dos pontos fortes deste Albert Heijn é a diversidade de condimentos e molhos, motivado talvez por uma clientela maioritariamente proveniente do médio oriente. Se há coisa que não falta são os frasquinhos com os molhos carilados... Umas autênticas bombas! Maravilha...
Com estas munições, tenho burilado um tipo de cozinha que mistura condimentos e técnicas lusitanas com aromas mais orientais e profundamente inspiradores. Não queria deixar de vos apresentar uma das minha últimas receitas:
Frango à Mohamed Canhoto (nome original Kip van Canhoten Turkse)
Tempo de Preparação (20 minutos - rápido e bom!!)
Ingredientes:
1 Zoete uien (cebola branca, daquelas à portuguesa)
1 dente de Knoflook (este prato também quer'alho)
2 colheres de olijf olie
4 roma tomaten, vers en gezond (tomate de rama)
2 kipfillet (aprox. 300 gramas de frango)
1 frasco de doperwtjes met worteltjes (~250 gramas)
1/2 frasco de bruine bonen, já cozido
4 colheres de sopa de zongedroogde tomaat & oregano, de preferência da marca Bertolli (com Bertolli o tomate nunca fica moli)
4 colheres de sopa de Pasanda - mild da marca Patak's (ver figura). Se escolherem "hot" aconselho terem à mão halibut porque vão precisar
1 colher de café de 4-seizoenen peper
mineraalzout q.b.
Patak's - De authentieke bomsaus (O autentico molho bomba)!!
Modo de Preparação:
0) Por música no iTunes, com volume alto q.b.
1) Cortar a zoete uien em cubos finos. Esmagar o dente de knoflook em pedaços pequenos. Deixar alourar tudo com 2 colheres de olijf olie num wok, em lume brando
2) Enquanto isso, cortar os 2 kipfillet em pequenos pedaços
3) Quando a zoete uien estiver alourada, colocar os pedaços de kip fritar o que deve demorar 5 minutos. Para isso deve aumetar-se o lume. Ir polvinhando de mineraalzout a gosto
4) No momento em que o kip parecer bem frito, verter o frasco de doberwtjes com worteltjes e o meio frasco de bruine bonen. A água dos frascos deve também ser vertida. Deixar cozer durante 2 minutos, e adicionar a 4-seizoenen peper
5) Adicionar as 4 colheres de sopa de Bertolli e de Pasanda
6) Deixar cozer durante cerca de 5 minutos, até engrossar.
7) Servir acompanhado de arroz, massa ou pedacinhos de pão integral (a minha opção preferida)
E é só isto! O resultado é este:
Que maravilha este Kip van Canhoten Turkse!! Que pitéu!!
Eu não sei se já vos disse isto, mas eu como cozinheiro sou o Maior!
Só não percebo porque é que ando cheio de aftas há 15 dias...
Há cenas do caraças... :)
Um dos pontos fortes deste Albert Heijn é a diversidade de condimentos e molhos, motivado talvez por uma clientela maioritariamente proveniente do médio oriente. Se há coisa que não falta são os frasquinhos com os molhos carilados... Umas autênticas bombas! Maravilha...
Com estas munições, tenho burilado um tipo de cozinha que mistura condimentos e técnicas lusitanas com aromas mais orientais e profundamente inspiradores. Não queria deixar de vos apresentar uma das minha últimas receitas:
Frango à Mohamed Canhoto (nome original Kip van Canhoten Turkse)
Tempo de Preparação (20 minutos - rápido e bom!!)
Ingredientes:
1 Zoete uien (cebola branca, daquelas à portuguesa)
1 dente de Knoflook (este prato também quer'alho)
2 colheres de olijf olie
4 roma tomaten, vers en gezond (tomate de rama)
2 kipfillet (aprox. 300 gramas de frango)
1 frasco de doperwtjes met worteltjes (~250 gramas)
1/2 frasco de bruine bonen, já cozido
4 colheres de sopa de zongedroogde tomaat & oregano, de preferência da marca Bertolli (com Bertolli o tomate nunca fica moli)
4 colheres de sopa de Pasanda - mild da marca Patak's (ver figura). Se escolherem "hot" aconselho terem à mão halibut porque vão precisar
1 colher de café de 4-seizoenen peper
mineraalzout q.b.
Patak's - De authentieke bomsaus (O autentico molho bomba)!!
Modo de Preparação:
0) Por música no iTunes, com volume alto q.b.
1) Cortar a zoete uien em cubos finos. Esmagar o dente de knoflook em pedaços pequenos. Deixar alourar tudo com 2 colheres de olijf olie num wok, em lume brando
2) Enquanto isso, cortar os 2 kipfillet em pequenos pedaços
3) Quando a zoete uien estiver alourada, colocar os pedaços de kip fritar o que deve demorar 5 minutos. Para isso deve aumetar-se o lume. Ir polvinhando de mineraalzout a gosto
4) No momento em que o kip parecer bem frito, verter o frasco de doberwtjes com worteltjes e o meio frasco de bruine bonen. A água dos frascos deve também ser vertida. Deixar cozer durante 2 minutos, e adicionar a 4-seizoenen peper
5) Adicionar as 4 colheres de sopa de Bertolli e de Pasanda
6) Deixar cozer durante cerca de 5 minutos, até engrossar.
7) Servir acompanhado de arroz, massa ou pedacinhos de pão integral (a minha opção preferida)
E é só isto! O resultado é este:
Que maravilha este Kip van Canhoten Turkse!! Que pitéu!!
Eu não sei se já vos disse isto, mas eu como cozinheiro sou o Maior!
Só não percebo porque é que ando cheio de aftas há 15 dias...
Há cenas do caraças... :)
Tuesday, March 6, 2007
Goodbye Mr. Salmiakki
O Jarmo mudou-se para outro apartamento... e eu fiquei o único dono destes domínios no bairro indiano. Ele achou que a casa de banho era demasiado má para os 18 meses que vai passar cá e procurou algo melhor. Segundo o que percebi, a nova senhoria é uma rapariga de grandes atributos que terão ajudado o meu amigo filandês a pagar o dobro por uma casa que tem um terço do tamanho desta, mas que pelo menos parece ter um quarto-de-banho melhor. Espero que ele o aproveite bem!... :)
Mas isso agora não interessa para nada até porque eu agora herdei o armário que estava no quarto dele, isto é, de que ele se tinha apropriado por ter sido o primeiro a chegar a esta casa! E assim consegui finalmente - depois de um mês a ter a roupa em sacos plásticos, procurar casar meias no meio de um monte de meias, a gerir meticulasamente a posição dos casacos dentro da mala ou nas costas das cadeiras da sala - consegui, dizia, ter o quarto arrumado. Aqui está uma fotografia do meu novo super quarto:
Ao fundo no canto direito, vê-se o meu novo armário, um pouco desfocado mas com 3 espaçosas gavetas. E assim só fico com um saco no chão: o saco da roupa suja (devidamente fechado!). A mesinha à esquera completa o ar rústico desta assoalhada...
Entretanto o Jarmo deve estar a aproveitar o seu espaçoso quarto de banho, que parece que é tão grande como o quarto. E assim com tanto espaço, se calhar vais ter de dormir em pé ó Salmiakki....
Eh pá Jarmo, não sei se já te disse isto, pá! Tu és o maior!!!
Desta vez até nem te convém nada mas: és o MAIOR! :)
Mas isso agora não interessa para nada até porque eu agora herdei o armário que estava no quarto dele, isto é, de que ele se tinha apropriado por ter sido o primeiro a chegar a esta casa! E assim consegui finalmente - depois de um mês a ter a roupa em sacos plásticos, procurar casar meias no meio de um monte de meias, a gerir meticulasamente a posição dos casacos dentro da mala ou nas costas das cadeiras da sala - consegui, dizia, ter o quarto arrumado. Aqui está uma fotografia do meu novo super quarto:
Ao fundo no canto direito, vê-se o meu novo armário, um pouco desfocado mas com 3 espaçosas gavetas. E assim só fico com um saco no chão: o saco da roupa suja (devidamente fechado!). A mesinha à esquera completa o ar rústico desta assoalhada...
Entretanto o Jarmo deve estar a aproveitar o seu espaçoso quarto de banho, que parece que é tão grande como o quarto. E assim com tanto espaço, se calhar vais ter de dormir em pé ó Salmiakki....
Eh pá Jarmo, não sei se já te disse isto, pá! Tu és o maior!!!
Desta vez até nem te convém nada mas: és o MAIOR! :)
Saturday, March 3, 2007
Morning Glory...
A propósito de química, ultimamente as minhas manhãs tem sido duras lembrando até uma onda um pouco mais hard-core tipo Morning Glory dos Oasis:
What's the story morning glory
Well
(you) need a little time to wake up
Wake up well
What's the story morning glory
Well
Need a little time to wake up
Wake up
Tem sido dificil levantar-me, apesar de acordar sempre relativamente cedo. Nestes paises nórdicos há o hábito de não se ter portadas nem persianas. Há umas cortininhas mas normalmente não são o suficiente para impedir a luz de entrar. Há várias versões para a não utilização de portadas. Uma seria de que nesta terra o sol é tão escasso que tem de ser aproveitado ao máximo. Ha outra explicação que tem a ver com a tradição protestante do norte da europa. E segundo esta tradição, as janelas da casas devem estar abertas para mostrar que não há nada a esconder. Apraz-me verificar que o mesmo preceito é seguido nas saias que as holandesas usam. Justiça seja feita....
Mas voltando à quimica e à dificuldade em acordar, tenho sentido enorme falta de uma substância maravilhosa logo pela manhã: café!! Os meus pequenos almoços são, ou um copo de água e uma bolacha, ou um pouco de sumo e uma bolacha, ou absolutamente nada!! Que caos! :(
Por isso hoje decidi que deveria começar a proporcionar a mim próprio mais conforto, e introduzir no meu sistema logo um chuto de cafeina pela manhâ. Por isso, comprei este engenho, este curioso alambique, onde são destilados noite e dia o choro e o riso. Ei-lo:
Acabei de experimentar o engenho e tirei uma dose. Fraquinha que é para não bater demais! Convém começar devagar...
Oh Antoine, tu é que sabias: "meilleur vie avec de la chimique", não era pá?
És o maior oh Lavoisier! És o MAIOR!! :)
What's the story morning glory
Well
(you) need a little time to wake up
Wake up well
What's the story morning glory
Well
Need a little time to wake up
Wake up
Tem sido dificil levantar-me, apesar de acordar sempre relativamente cedo. Nestes paises nórdicos há o hábito de não se ter portadas nem persianas. Há umas cortininhas mas normalmente não são o suficiente para impedir a luz de entrar. Há várias versões para a não utilização de portadas. Uma seria de que nesta terra o sol é tão escasso que tem de ser aproveitado ao máximo. Ha outra explicação que tem a ver com a tradição protestante do norte da europa. E segundo esta tradição, as janelas da casas devem estar abertas para mostrar que não há nada a esconder. Apraz-me verificar que o mesmo preceito é seguido nas saias que as holandesas usam. Justiça seja feita....
Mas voltando à quimica e à dificuldade em acordar, tenho sentido enorme falta de uma substância maravilhosa logo pela manhã: café!! Os meus pequenos almoços são, ou um copo de água e uma bolacha, ou um pouco de sumo e uma bolacha, ou absolutamente nada!! Que caos! :(
Por isso hoje decidi que deveria começar a proporcionar a mim próprio mais conforto, e introduzir no meu sistema logo um chuto de cafeina pela manhâ. Por isso, comprei este engenho, este curioso alambique, onde são destilados noite e dia o choro e o riso. Ei-lo:
Acabei de experimentar o engenho e tirei uma dose. Fraquinha que é para não bater demais! Convém começar devagar...
Oh Antoine, tu é que sabias: "meilleur vie avec de la chimique", não era pá?
És o maior oh Lavoisier! És o MAIOR!! :)
Lavoisier: a verdadeira história
A minha experiência de vida aqui em Amesterdão tem sido verdadeiramente enriquecedora, não só porque tenho tido a possibilidade estar em contacto com visões diferentes da vida, como também, e não menos importante, tenhi vindo a conseguir aperceber-me de algumas verdades do passado da própria Humanidade.
Pois afirmo, embora as provas ainda não sejam sólida, que Lavoisier terá passado grande parte da sua juventude em Amesterdão. Estou a falar de Antoine Lavoisier, o pai da quimica moderna.
Nascido em 26 de Augosto 1743, e filho de uma abastadissima família, o jovem Lavoisier estudou nos melhores colégios de França. A sua paixão pela quimica terá sido em grande parte iniciada através de uma viagem de estudo que fez quando terminou o Colégio.
Na altura, os finalistas dos Colégios faziam viagens até sitios tropicais. A República Dominicana era, na altura, uma provicina espanhola, e o Brasil era português pelo que os jovens francêses iam, na sua grande maioria para uma Guiana, ou para o Canadá (que na verdade era um bocado frio e nada tropical mas parece que a cerveja era barata, tipo Estónia para os filandêses).
Consta que jovem Antoine, sempre sedento de conhecimento, pediu ao pai se ele o deixava antes ir para um sítio onde pudesse expansir as suas capacidades:
"Oh Senhor Meu Pai, poderei eu aproveitar melhor esta viagem de fim-de-curso e ir para um local onde possa expandir os meu horizontes? Eu preferia não ir para a Guina..."
"Oh Toninho, então não queres ir para a Guina? Então e as mulatas? Oh Toninho: olha que vais gostar! Já te contei daquela vez..."
"Senhor Meu Pai" - interrompe o jovem Antoine - "o senhor já me contou várias vezes essa história e como devo ter meios irmãos em todo mundo. Mas eu tenho vontade de aprender. Eu gosto muito de arte e gostava muito de ir a Amesterdão ver os quadros de Rembrandt..."
"Oh filho" - disse o pai que já estava habituado a estes remoques do filho que nunca o acompanhava à casa da Dona Fifi, uma das melhores "Clubes de Cavalheiros" da Europa - "eu acho que se queres ir ver momunentos tinhas melhores sítios, mas vai lá... Vai lá para os paises baixos... Raio do puto, que ainda me vai sair virado!"
E lá foi o jovem Antoine para Amesterdão. Recorde-se que Antoine veio mais tarde a casar com Marie-Anne Pierrette Paulze, de 13 anos, o que só comprova que as suas tendências desviantes começaram cedo. Pela actual moldura penal francêsa, Antoine apanharia de 5 a 10 anos de pena efectiva por pedófilia. Mas na época... era diferente!
Amesterdão era, já na altura, local que gozava de de um estatuto previligiado relativamente a certas mercadorias. Enquanto caminhava de um museu para outro, e sempre no âmbito da sua curiosidade científica, o jovem Antoine foi parando num dos diversos mercados de rua que enchem Amesterdao contacto com toda uma séria de produtos vegetais, pouco vistos em frança. Perante tal diversidade de produtos, e com um espirito científico aos saltos, o jovem Antoine começou logo a fazer experiências!
As primeiras experiências foram com combustão, e foram fulcrais para as descobertas que mais tarde efectuou, acerca do oxigénio. Antoine foi metodicamente queimando toda uma série de plantas, e estudou de perto os gases que delas emanavam. Terá passado nestas experiências cerca de uma semana, mas como ele próprio escreve tão eloquentemente nas suas memórias: "Dos avanços científicos e de toda a claridade espiritual que obtive nessa semana, pouco terá permanecido na minha memória, como que um anjo caído que é forçado a esquecer o caminho de volta ao céu." (in Lavoisier, Antoine, "Etéreas Memórias de Amsterdão", Paris 1792). Muito bonito...
Mas o jovem Antoine, enquanto os seus colegas de curso dançavam nas praias do pacífico, continuava as suas laboriosas experiências. Mas apesar disso Antoiene já estava a ficar mais espigadote. Tinha deixado crescer o cabelo e já não usava aquelas perucas ridiculas aos caracois. Além disso, passava grande parte do seu tempo numa zona da cidade com muitas luzes vermelhas, que segundo ele favoreciam a sua "sensibilidade ocular para a experimentação".
Numa dessas experiências, que envolveram uma espécie de cogumelos nunca vista em França, Lavoisier terá inadvertidamente enunciado a primeira versão daquela que foi quiça a sua maior contribuição para a ciência: o Princípio da Conservação da Massa!
De facto, eram cerca de 4 da manhã e Lavoisier, enconstado às grades de proteção do canal, a descansar da sua científica labuta, e enquanto olhava para uma montra de vermelho ilumindada, terá proferido:
"É pá! Amesterdão é do camano: nada te perde mas tudo te transforma!!
É isso aí oh Antoine, estavas quase lá!
E de facto o único sítio onde perdeste a cabeça foi na Bastilha!!
Cena marada :)
Pois afirmo, embora as provas ainda não sejam sólida, que Lavoisier terá passado grande parte da sua juventude em Amesterdão. Estou a falar de Antoine Lavoisier, o pai da quimica moderna.
Nascido em 26 de Augosto 1743, e filho de uma abastadissima família, o jovem Lavoisier estudou nos melhores colégios de França. A sua paixão pela quimica terá sido em grande parte iniciada através de uma viagem de estudo que fez quando terminou o Colégio.
Na altura, os finalistas dos Colégios faziam viagens até sitios tropicais. A República Dominicana era, na altura, uma provicina espanhola, e o Brasil era português pelo que os jovens francêses iam, na sua grande maioria para uma Guiana, ou para o Canadá (que na verdade era um bocado frio e nada tropical mas parece que a cerveja era barata, tipo Estónia para os filandêses).
Consta que jovem Antoine, sempre sedento de conhecimento, pediu ao pai se ele o deixava antes ir para um sítio onde pudesse expansir as suas capacidades:
"Oh Senhor Meu Pai, poderei eu aproveitar melhor esta viagem de fim-de-curso e ir para um local onde possa expandir os meu horizontes? Eu preferia não ir para a Guina..."
"Oh Toninho, então não queres ir para a Guina? Então e as mulatas? Oh Toninho: olha que vais gostar! Já te contei daquela vez..."
"Senhor Meu Pai" - interrompe o jovem Antoine - "o senhor já me contou várias vezes essa história e como devo ter meios irmãos em todo mundo. Mas eu tenho vontade de aprender. Eu gosto muito de arte e gostava muito de ir a Amesterdão ver os quadros de Rembrandt..."
"Oh filho" - disse o pai que já estava habituado a estes remoques do filho que nunca o acompanhava à casa da Dona Fifi, uma das melhores "Clubes de Cavalheiros" da Europa - "eu acho que se queres ir ver momunentos tinhas melhores sítios, mas vai lá... Vai lá para os paises baixos... Raio do puto, que ainda me vai sair virado!"
E lá foi o jovem Antoine para Amesterdão. Recorde-se que Antoine veio mais tarde a casar com Marie-Anne Pierrette Paulze, de 13 anos, o que só comprova que as suas tendências desviantes começaram cedo. Pela actual moldura penal francêsa, Antoine apanharia de 5 a 10 anos de pena efectiva por pedófilia. Mas na época... era diferente!
Amesterdão era, já na altura, local que gozava de de um estatuto previligiado relativamente a certas mercadorias. Enquanto caminhava de um museu para outro, e sempre no âmbito da sua curiosidade científica, o jovem Antoine foi parando num dos diversos mercados de rua que enchem Amesterdao contacto com toda uma séria de produtos vegetais, pouco vistos em frança. Perante tal diversidade de produtos, e com um espirito científico aos saltos, o jovem Antoine começou logo a fazer experiências!
As primeiras experiências foram com combustão, e foram fulcrais para as descobertas que mais tarde efectuou, acerca do oxigénio. Antoine foi metodicamente queimando toda uma série de plantas, e estudou de perto os gases que delas emanavam. Terá passado nestas experiências cerca de uma semana, mas como ele próprio escreve tão eloquentemente nas suas memórias: "Dos avanços científicos e de toda a claridade espiritual que obtive nessa semana, pouco terá permanecido na minha memória, como que um anjo caído que é forçado a esquecer o caminho de volta ao céu." (in Lavoisier, Antoine, "Etéreas Memórias de Amsterdão", Paris 1792). Muito bonito...
Mas o jovem Antoine, enquanto os seus colegas de curso dançavam nas praias do pacífico, continuava as suas laboriosas experiências. Mas apesar disso Antoiene já estava a ficar mais espigadote. Tinha deixado crescer o cabelo e já não usava aquelas perucas ridiculas aos caracois. Além disso, passava grande parte do seu tempo numa zona da cidade com muitas luzes vermelhas, que segundo ele favoreciam a sua "sensibilidade ocular para a experimentação".
Numa dessas experiências, que envolveram uma espécie de cogumelos nunca vista em França, Lavoisier terá inadvertidamente enunciado a primeira versão daquela que foi quiça a sua maior contribuição para a ciência: o Princípio da Conservação da Massa!
De facto, eram cerca de 4 da manhã e Lavoisier, enconstado às grades de proteção do canal, a descansar da sua científica labuta, e enquanto olhava para uma montra de vermelho ilumindada, terá proferido:
"É pá! Amesterdão é do camano: nada te perde mas tudo te transforma!!
É isso aí oh Antoine, estavas quase lá!
E de facto o único sítio onde perdeste a cabeça foi na Bastilha!!
Cena marada :)
Saturday, February 24, 2007
Trabalho... muito trabalho! E multicultural!!!
A razão pela qual vim para Amsterdão fui para trabalhar na tese de doutoramento com o grupo ILPS aqui da Universidade de Amsterdão.
O grupo é bastante numeroso com muitas pessoas a trabalharem em tópicos parecidos com o do meu doutoramento. Já pude conversar com vários colegas, já lhes fiz uma apresentação do meu trabalho e está a ser possível trabalhar com muita tranquilidade.
O Instituto fica no Parque da Ciência que é a 5 minutos de bicla da minha casa (ou menos se estiver a ser perseguido por uma betoneira psicopata). As instalações são partilhadas com o Instituto de pesquisa nuclear que contem algumas dezenas de investigadores. De certa forma sinto-me um bocado como o Homer Simpson que também trabalha perto de reactores nucleares e não faz ideias de como eles funcionam....
Tenho uma sala bastante ampla no primeiro andar do edifício e vejo da janela para o exterior, um jardinzinho que deve ser agradável no verão. Esta semana contúdo, chuveu bastante e nevou até um bocadinho.
Divido com outros dois dois estudantes de doutoramento: o Mahboob Khalid, de uma tribo do paquistão, e o Sylvain Renaudier que é um franciu de Lyon. São ambos uns porreiraços e eu tenho tentado falar em franciu com o Sylvain.
O Sylvain é uma espécie de "rastrónico", ou seja é um tipo que se veste um bocado à rasta mas por outro lado gosta de música electrónica e passamos o dia a ouvir mp3 e radio na net e a comentar as músicas. "Eh pah Luizzz! Curto esta muzik comó caráçás!" E eu digo-lhe logo "O meiur! Regarda lá esta!"...
O Mahboob é um tipo bastante diferente. Fisicamente, eu diria que ele parece um Pai Natal monhê, mas sem barba e bastante mais novo. Não sei se esta descrição foi boa mas eu sei que se daqui a 30 anos se souber que há um Pai Natal no paquistão, eu terei a certeza que esse personagem é o Mahboob.
Mas o Mahboob encerra toda uma série de mistérios mais vastos. Segundo o que percebi, ele faz parte de um grupo étnico do paquistão que professa uma religião diferente da oficial e por isso foram "expulsos" do país há uns anos e são hoje uma comunidade bastante grande em diáspora. Parece-me que são cerca de 20 milhões. Só muito recentemente é que lhes está permitido voltar ao país.
Soube também, por intermédio do Erik, que é um colega do Suriname (para quem não sabe onde é o Suriname, escusa de procurar perto do Nepal, ok?...:) ), que o Mahboob tinha-se casado recentemente! Com a particularidade que o casamento tinha sido realizado à distância, sem o Mahboob conhecer a noiva: a noiva foi escolhida pelos pais!!! Cena marada esta!!
Esta "multiculturalidade" é aliás alvo de orgulho o grupo ILPS. Noutro dia, um dos séniores do grupo (que tem um visual um pouco assustador, completamente careca e muito magro) estava a dizer ao almoço (almoçamos quase todos juntos, o que é muito simpatico da parte deles) que o grupo tem elementos de todos os continentes, das principais, religiões e das principais orientações sexuais...
Ficou tudo a olhar para ele, tudo calado, enquanto ele se ria sozinho!
Tudo calado...
Até que o Edgar, que é o tipo do grupo que deve passar mais tempo nas discotecas, disse logo (em inglês):
Oh Maior!!! Então diz lá quem são as lésbicas que eu quero saber!!!!!
Granda maluco, o Edgar!! Ganda maluco!!!!
O grupo é bastante numeroso com muitas pessoas a trabalharem em tópicos parecidos com o do meu doutoramento. Já pude conversar com vários colegas, já lhes fiz uma apresentação do meu trabalho e está a ser possível trabalhar com muita tranquilidade.
O Instituto fica no Parque da Ciência que é a 5 minutos de bicla da minha casa (ou menos se estiver a ser perseguido por uma betoneira psicopata). As instalações são partilhadas com o Instituto de pesquisa nuclear que contem algumas dezenas de investigadores. De certa forma sinto-me um bocado como o Homer Simpson que também trabalha perto de reactores nucleares e não faz ideias de como eles funcionam....
Tenho uma sala bastante ampla no primeiro andar do edifício e vejo da janela para o exterior, um jardinzinho que deve ser agradável no verão. Esta semana contúdo, chuveu bastante e nevou até um bocadinho.
Divido com outros dois dois estudantes de doutoramento: o Mahboob Khalid, de uma tribo do paquistão, e o Sylvain Renaudier que é um franciu de Lyon. São ambos uns porreiraços e eu tenho tentado falar em franciu com o Sylvain.
O Sylvain é uma espécie de "rastrónico", ou seja é um tipo que se veste um bocado à rasta mas por outro lado gosta de música electrónica e passamos o dia a ouvir mp3 e radio na net e a comentar as músicas. "Eh pah Luizzz! Curto esta muzik comó caráçás!" E eu digo-lhe logo "O meiur! Regarda lá esta!"...
O Mahboob é um tipo bastante diferente. Fisicamente, eu diria que ele parece um Pai Natal monhê, mas sem barba e bastante mais novo. Não sei se esta descrição foi boa mas eu sei que se daqui a 30 anos se souber que há um Pai Natal no paquistão, eu terei a certeza que esse personagem é o Mahboob.
Mas o Mahboob encerra toda uma série de mistérios mais vastos. Segundo o que percebi, ele faz parte de um grupo étnico do paquistão que professa uma religião diferente da oficial e por isso foram "expulsos" do país há uns anos e são hoje uma comunidade bastante grande em diáspora. Parece-me que são cerca de 20 milhões. Só muito recentemente é que lhes está permitido voltar ao país.
Soube também, por intermédio do Erik, que é um colega do Suriname (para quem não sabe onde é o Suriname, escusa de procurar perto do Nepal, ok?...:) ), que o Mahboob tinha-se casado recentemente! Com a particularidade que o casamento tinha sido realizado à distância, sem o Mahboob conhecer a noiva: a noiva foi escolhida pelos pais!!! Cena marada esta!!
Esta "multiculturalidade" é aliás alvo de orgulho o grupo ILPS. Noutro dia, um dos séniores do grupo (que tem um visual um pouco assustador, completamente careca e muito magro) estava a dizer ao almoço (almoçamos quase todos juntos, o que é muito simpatico da parte deles) que o grupo tem elementos de todos os continentes, das principais, religiões e das principais orientações sexuais...
Ficou tudo a olhar para ele, tudo calado, enquanto ele se ria sozinho!
Tudo calado...
Até que o Edgar, que é o tipo do grupo que deve passar mais tempo nas discotecas, disse logo (em inglês):
Oh Maior!!! Então diz lá quem são as lésbicas que eu quero saber!!!!!
Granda maluco, o Edgar!! Ganda maluco!!!!
Subscribe to:
Posts (Atom)